Venezuelanos vão eleger substitutos de dois autarcas afastados no âmbito de manifestações
Porto Canal / Agências
Caracas, 23 mai (Lusa) -- Os eleitores dos municípios de San Cristóbal e San Diego vão, no domingo, às urnas para eleger os substitutos de dois autarcas afastados por não terem desmantelado barricadas de manifestantes nas suas jurisdições.
Nove candidatos disputam a presidência da Câmara Municipal de San Cristóbal, incluindo Patrícia Ceballos, mulher do destituído Daniel Ceballos, em representação da coligação opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD).
O município tem 208.183 eleitores e entre os candidatos estão ainda Alejandro Méndez do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido de Governo), e Arnoldo Uribe, do partido Orientação Revolucionária Socialista, uma das organizações que apoia a revolução bolivariana.
Por outro lado, em San Diego os 60.614 eleitores deverão eleger um dos seis candidatos, entre os quais estão Rosa Brandonisio de Scarano, mulher do destituído Enzo Scarano, apoiada pela MUD, e Alexis Abreu, do PSUV.
A 20 de março o presidente da Câmara Municipal de San Diego, Enzo Scarano e o chefe da polícia regional Salvatore Lucchese Scaletta foram condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) a dez meses e 15 dias de prisão por não terem desmantelado as barricadas de manifestantes naquela localidade.
Segundo o STJ, nenhum deles cumpriu uma sentença daquele organismo, de 12 de fevereiro, que ordenava empreender as ações necessárias para evitar a colocação de barricadas na jurisdição.
Por outro lado, a 25 de março, o STJ condenou o presidente da Câmara Municipal de San Cristóbal, Daniel Ceballos, a 12 meses de prisão por "desacato", por não ter cumprido uma ordem judicial que obrigava a desmantelar barricadas das manifestações na sua jurisdição.
Quando foi conhecida a decisão, a advogada Ana Leonor Acosta disse terem sido "violados todos os direitos", mas ao ser condenado pelo Supremo Tribunal de Justiça, o autarca já não tem mais instâncias para recorrer da decisão.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, congratulou-se com a decisão e disse que foi feita "justiça".
Há mais de três meses que se registam protestos diários na Venezuela, devido à crise económica, inflação, escassez de produtos, insegurança, corrupção, alegada ingerência cubana e a repressão por parte de organismos de segurança do Estado.
Alguns protestos degeneraram em confrontos violentos, durante os quais morreram pelo menos 42 pessoas, dez dos quais funcionários policiais ou militares.
Mais de 210 pessoas estão detidas, incluindo uma dezena de polícias, e estão em curso 180 investigações por alegadas violações de direitos humanos fundamentais dos manifestantes.
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