Documentário tenta resgatar realizador António de Macedo da sombra

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 21 mai (Lusa) - Um trabalho de serviço público, de resgate da memória, é como João Monteiro define o documentário "Nos interstícios da realidade", que está a finalizar, sobre o realizador António de Macedo, um dos nomes do Cinema Novo Português.

O realizador conseguiu esta semana cerca de 3.500 euros de apoio financeiro, através do processo de "crowdfunding", que permitirão concluir o documentário sobre o cineasta português, atualmente com 82 anos.

"António de Macedo é um dos maiores fenómenos do cinema português, foi uma das figuras fundamentais do Cinema Novo Português e não existe, por exemplo, nada dele em DVD", afirmou João Monteiro à agência Lusa.

Grande parte do filme está feita, restando agora o trabalho de arquivo, na RTP e na Cinemateca, para juntar aos vários depoimentos - incluíndo de António de Macedo - já recolhidos por João Monteiro.

O realizador explicou que "Nos interstícios da realidade" contará "a história de António de Macedo de uma forma cronológica diversa", focando-se "na obra-prima que é 'Domingo à tarde'", primeira longa-metragem do cineasta, de 1965.

Com formação em arquitetura, António de Macedo filmou entre as décadas de 1960 e 1990, deixando cerca de uma dezena de longas-metragens e quase meia centena de curtas-metragens, com um pendor experimental e contra-corrente com o que vigorava no cinema.

"Foi o primeiro a ir a Veneza, o primeiro a estar em Cannes, o primeiro a filmar um nu integral, a usar jazz e eletrónica; é o único cineasta com obra contínua no campo do fantástico e ninguém sabe, ninguém se lembra", afirmou João Monteiro.

O realizador considera que devia haver mais filmes que preservem a memória, para que se recupere "a ligação do cinema português com as novas gerações".

António de Macedo, escritor e professor universitário, adaptou para cinema o romance "Domingo à tarde", de Fernando Namora, a peça "A promessa", de Bernardo Santareno, foi censurado em ditadura e em democracia, causou polémica com "As horas de Maria", desafiando a Igreja Católica, e fez a última longa-metragem, "Chá forte com limão", em 1993.

Foi distinguido pela Sociedade Portuguesa de Autores, pelo Fantasporto e pelos prémios Sophia, teve uma retrospetiva há dois anos na Cinemateca, mas, segundo João Monteiro, o seu cinema continua pouco acessível para os espetadores portugueses.

"Nos interstícios da realidade" conta com depoimentos de críticos de cinema, "pró e contra o cinema de António de Macedo", de realizadores como Alberto Seixas Santos, Fernando Lopes, José Fonseca e Costa, João Salaviza e Susana Sousa Dias, filha do cineasta.

O documentário deverá estar concluído no final do ano.

João Monteiro, nascido em Lisboa em 1977, é licenciado em História de Arte, foi um dos fundadores do Cineclube de Terror de Lisboa e do festival Motelx.

SS // MAG

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