Ataques entre adversários sobem de tom a cinco dias das eleições

Ataques entre adversários sobem de tom a cinco dias das eleições
| Política
Porto Canal

Os ataques entre candidatos às eleições europeias, figuras partidárias e adversários políticos subiu hoje de tom, apesar de os cabeças de lista do PS e da coligação PSD/CDS-PP assegurarem que não querem uma campanha de casos.

Em São João da Madeira, o cabeça de lista do PS, Francisco Assis, pediu "juízo" ao seu adversário da coligação Aliança Portugal, Paulo Rangel, que tinha exigido, ao início da tarde, uma "retração" por parte do PS, num "pingue-pongue" sobre a polémica suscitada pela sua expressão "vírus socialista".

"Estamos a poucos dias do final desta campanha eleitoral. Acho que o Dr. Paulo Rangel, muito francamente, deve ter juízo, porque ele passou esta campanha eleitoral a desferir permanentes ataques, em termos absolutamente inadmissíveis, ao PS", disse Francisco Assis, que disse querer discutir a Europa mas não poder deixar de reagir "quando os candidatos da direita dirigem ao PS acusações verdadeiramente insultuosas".

O pedido de Assis surgiu depois de Rangel ter dito que aguarda uma "retratação" por parte do PS sobre declarações de Manuel Alegre na segunda-feira, considerando o social-democrata que o histórico socialista o associou ao regime nazi.

A polémica foi suscitada por declarações de Rangel, já no domingo, apelando ao voto na coligação PSD/CDS-PP, que classificou como "vacina contra o despesismo" e "contra o vírus socialista".

Em campanha ao lado do PS, na segunda-feira, o ex-candidato presidencial Manuel Alegre tinha acusado Paulo Rangel de ofender a democracia, "espírito inquisitorial" e lembrou quem considerou os judeus "um vírus".

Segundo Alegre, Rangel "revelou também uma enorme falta de memória histórica, porque há umas dezenas de anos, na Europa, houve um partido [Nacional Socialista] que disse que os judeus eram um vírus que era preciso exterminar".

Estas declarações continuaram hoje a marcar as campanhas, com Rangel a repudiar a ideia de que teria alguma associação a algum partido nazi.

"Eu tenho feito uma campanha contra os casos e casinhos, mas quando alguém faz um ataque pessoal à minha pessoa e, para além do mais, me quer associar não apenas ao partido nazi, mas também ao regime nazi, isso ultrapassa todos os limites do que é tolerável em democracia", disse.

A cinco dias do escrutínio, o presidente do CDS-PP, Paulo Portas, mantém a estratégia de recordar o "legado" do ex-primeiro-ministro do PS José Sócrates para apelar aos eleitores para usarem "democraticamente o direito à indignação" no dia 25.

"Usem democraticamente o direito à indignação. O que é que isso quer dizer? Domingo não fiquem em casa, vão votar serenamente e travem o caminho desta glorificação de José Sócrates", afirmou Paulo Portas, que acompanhou hoje uma visita da candidatura do PSD/CDS-PP a uma fábrica de transformação de bacalhau na Gafanha da Nazaré, Ílhavo.

As declarações de Portas também não ficaram sem resposta, com Assis a acusar o presidente do CDS-PP, de "tentar fugir ao debate do presente e do futuro" e a defender que no próximo domingo "também" vai estar em causa a avaliação do atual Governo PSD/CDS-PP.

O cabeça de lista do PS disparou ainda contra as candidaturas da CDU e do BE, que acusou de representarem o "sectarismo maximalista" e de assim se tornarem "aliados objetivos da direita" ao "dedicarem muito mais energia a atacar o PS do que a atacar" o "nefasto Governo de direita em Portugal"

À porta da Lisnave, em Setúbal, o cabeça de lista da CDU, João Ferreira, aconselhou "calma" ao adversário do PS, afirmando que "há por aí umas almas inquietas" com o que disse ser o crescimento da sua candidatura e reiterou que o PS "continua comprometido" com os efeitos do programa da 'troika´ e com "o que se prepara para o período pós-troika".

Esta ideia já tinha sido defendida pelo secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, que afirmou que o objetivo da CDU é derrotar os partidos da 'troika' nas eleições europeias e "enfraquecer" os que "infernizaram a vida dos portugueses, onde está o PS".

Do lado do BE, Marisa Matias respondeu que a sua candidatura quer discutir "assuntos em concreto" e lamentou que haja, da parte do PS, "queixinhas" sobre a atitude dos bloquistas na campanha, considerando que não se deve perder tempo com "bocas".

+ notícias: Política

Programa do governo será debatido no dia 11 e 12 de abril

A Assembleia da República vai debater o programa do XXIV Governo Constitucional a 11 e 12 de abril, documento que será entregue no dia 10, foi esta quinta-feira anunciado pelo presidente do parlamento.

Montenegro apresenta a composição do novo Governo esta tarde

O primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro, vai ser recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, às 18h00, numa audiência em que deverá apresentar o elenco dos ministros do XXIV Governo Constitucional.

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.