Lisboa, 20 mai (Lusa) - O Governo de Moçambique arrecadou mais de 1,3 mil milhões de dólares nos últimos dois anos em impostos sobre os lucros das empresas que operam no setor mineiro, o que representa 9% de toda a riqueza do país.

De acordo com o relatório mensal do gabinete de estudos económicos e financeiros do BPI, "a autoridade fiscal moçambicana anunciou a recolha de 520 milhões de dólares no final de março com a venda de 10% da participação da companhia petrolífera Anadarko no bacia de Rovuma, o que, juntando aos ganhos de capital obtidos desde 2012, quando o Governo começou a taxar as grandes transações financeiras, representa ganhos cumulativos de 1,3 mil milhões de dólares, o equivalente a 9% do PIB do ano passado".

No relatório, a que a Lusa teve acesso, os analistas do BPI consideram que "a exploração das reservas naturais pode dar uma ajuda no desenvolvimento do país se o Governo usar essas verbas para resolver as necessidades básicas, particularmente na resolução dos gargalos nas infraestruturas e na educação".

No ano passado, a economia de Moçambique cresceu 7%, vincando o desenvolvimento sustentado do país, escrevem os autores do relatório do BPI, que notam que o crescimento foi "relativamente mais elevado nas indústria com mais capital intensivo e nas atividades com maior exposição aos megaprojetos estrangeiros do que nos setores tradicionais".

Para ilustrar, o BPI exemplifica que a produção mineira subiu 38,2%, depois de ter crescido 39,3% em 2012, e que os transportes e comunicações expandiu-se 16,1%, ao passo que a agricultura cresceu apenas 5% e a manufatura até se contraiu 0,4%.

Estas alterações, aliás, parecem comprovar a tese dos analistas do BPI, que notam que a economia moçambicana está a sofrer uma mudança estrutural: "as atividades relacionadas com a exploração dos recursos naturais ganharam peso", já que "entre 2003 e 2013, a percentagem da produção mineira no PIB mais do que triplicou, de 0,7% para 2,4%, enquanto a percentagem dos transportes e comunicações subiu 4 pontos, para 14%, e as atividades financeiras quase duplicaram", tendo valido 6,8% do PIB do ano passado.

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