Portugal deu "passos em frente" durante o programa da 'troika' - Jack Straw

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 08 mai (Lusa) - O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Jack Straw, considerou hoje que Portugal melhorou a situação das suas finanças públicas durante o período de vigência do programa de ajustamento imposto pela 'troika', mas apontou para a necessidade de criar emprego.

"Portugal deu passos em frente durante estes três anos, o que permitiu ao primeiro-ministro anunciar a saída limpa do resgate de 78 mil milhões de euros", afirmou o deputado do Partido Trabalhista britânico, num evento em Lisboa.

Jack Straw, que foi o orador convidado para a conferência "Trazer a Europa de volta ao trabalho", apontou como exemplo as "melhorias fiscais", sublinhando que Portugal "não foi o único país a sofrer uma grave crise financeira" e que "os últimos anos foram os mais difíceis para Portugal desde a revolução de há 40 anos".

Apontando para os "grandes progressos" do país desde o fim da ditadura, Jack Straw realçou que Portugal "ainda tem uma taxa de desemprego muito alta" e que "um dos principais problemas que Portugal enfrenta tem a ver com a emigração dos jovens mais qualificados, que criará no futuro um problema demográfico".

E reforçou: "A recuperação económica sem criação de emprego não é sustentável".

Já à margem da conferência, questionado pelos jornalistas sobre a decisão do executivo de Passos Coelho por uma saída limpa do programa da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), o político britânico disse que se trata de "uma decisão do Governo", mas que "o mais importante é que é a decisão que reunia maior apoio".

Mesmo assim, considerou a saída à irlandesa, isto é, sem recurso a um programa cautelar, "uma boa notícia".

O deputado trabalhista insistiu que "o maior problema em Portugal é o desemprego jovem, que leva à emigração" de milhares de profissionais bem preparados que não encontram colocação no mercado de trabalho interno.

"Atacar este problema deve ser a prioridade, não só em Portugal, mas ao nível da União Europeia", vincou.

Sobre o papel da moeda única europeia na crise, Jack Straw salientou que sempre foi um opositor da entrada do Reino Unido no euro.

"Ninguém sabe o que teria acontecido a Portugal se não tivesse aderido ao euro", disse, constatando que, apesar de tudo, "os principais partidos [portugueses] continuam vinculados à Europa" e ao projeto da moeda única.

Certo é que, segundo o político britânico, "se há uma moeda única, tem que haver soluções únicas" de âmbito europeu para responder à crise.

Questionado sobre as suas declarações, em 2011, acerca de existir a possibilidade de a União Monetária falhar na Europa, o antigo ministro do governo de Tony Blair frisou que, de facto, alertou na altura para esse risco.

"Se tivesse acontecido nalgum país [a tomada de decisão de deixar de pertencer à moeda única], era destrutivo para toda a Europa", considerou.

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou no domingo que o Estado português poderá regressar aos mercados financeiros sem necessidade de um programa cautelar, concluindo assim a intervenção direta da 'troika' em Portugal. No jargão dos meios políticos, este processo é descrito como uma 'saída limpa'.

DN // ATR

Lusa/fim

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