Jornal indonésio recorda luta timorense para reavivar legado de João Paulo II

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Porto Canal / Agências

Jacarta, 30 abr (Lusa) - O editorial de terça-feira do diário indonésio "The Jakarta Post" recordou a resistência timorense para reavivar a lição de respeito pelos Direitos Humanos deixada por João Paulo II, numa altura em que o país enfrenta um crescendo da intolerância religiosa.

"No contexto da Indonésia, os dois santos [João Paulo II e João XXIII] deixaram dois legados universais: o respeito total pelos direitos humanos e o reconhecimento de que a salvação de Deus não é monopólio de uma religião ou fé", escreve o maior jornal indonésio de língua inglesa, dois dias depois da canonização dos dois Papas.

Com o título "Viva il Papa" ("Viva o Papa", em italiano), o diário lembra a insurgência de dezenas de jovens timorenses que gritaram "Viva il Papa ... Viva Timor-Leste" na presença de João Paulo II, em Díli, em 1989, perante a "humilhação" de um antigo comandante das Forças Armadas da Indonésia que se encontrava no altar.

Durante a visita papal foi quebrado o silêncio que reinava desde a invasão indonésia, em 1975, e várias manifestações foram duramente reprimidas, sendo que, dois anos depois, durante uma manifestação pela morte de um estudante, no Cemitério de Santa Cruz, em Díli, ocorreu um massacre que fez mais de 200 mortos.

João Paulo II, que falou em Direitos Humanos durante a homília em Díli, "será sempre lembrado entre as pessoas de Timor-Leste como um líder que os inspirou a lutar pelos seus direitos fundamentais", lê-se no editorial.

O "The Jakarta Post" destaca que o país "pagou caro pela sua incapacidade em defender os Direitos Humanos" em Timor-Leste e Aceh, que adquiriu uma autonomia especial após vários casos de terrorismo, e na Papua, onde desejos separatistas têm descambado em conflitos com a polícia e acusações internacionais de violações de Direitos Humanos.

Já João XXIII é recordado por ter convocado o Concílio Vaticano II, onde foi feito um apelo aos católicos para não pensarem que a salvação era um monopólio da Igreja Católica.

O jornal que circula no maior país muçulmano do mundo alerta que a Indonésia "está a enfrentar um nível de intolerância religiosa alarmante" e justifica que tal se deve ao facto de as crianças receberem mais ensinamentos "sobre a supremacia da sua fé do que sobre tolerância".

"Os conflitos motivados pela religião estão a tornar-se mais comuns, enquanto o Estado prefere jogar pelo seguro, mantendo-se à distância de tais questões", lê-se no editorial.

Apesar de na Indonésia predominar um Islão moderado, os ataques a minorias religiosas têm aumentado nos últimos anos, com, por exemplo, encerramento de igrejas e ataques a elementos da minoria muçulmana Ahmadiyah.

O Governo é frequentemente acusado de não ter mão em grupos radicais como a Frente de Defensores do Islão -- outrora indicada como o "cão de ataque" da polícia indonésia -, como aconteceu em 2013, quando o Governo decidiu alterar o local da final da Miss Mundo em resposta aos violentos protestos contra o concurso em Jacarta.

AYN // JCS.

Lusa/fim

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