Movimento contra devastação florestal na Guiné-Bissau pede a PR para travar corte de árvores
Porto Canal com Lusa
Bissau, 27 out 2020 (Lusa) - Um movimento contra a devastação da floresta da Guiné-Bissau vai pedir ao Presidente, Umaro Sissoco Embaló, para vetar a decisão do Governo de permitir a retoma do abate de árvores para madeira, disse hoje o líder da organização.
Carlos Uissa explicou à Lusa que está a correr uma petição na Internet que, em cerca de uma semana, já vai com cerca de duas mil assinaturas de pessoas que concordam com a iniciativa.
O movimento quer que Umaro Sissoco Embaló "diga não ao Governo" na sua decisão de admitir o corte de árvores na floresta guineense, uma ação que Carlos Uissa considera como um "crime ambiental".
"O povo guineense já está a sentir as consequências desses atos criminosos, ventos e chuvas derrubam casas todos os anos, a temperatura do ambiente aumenta a cada mês", observou Uissa, emigrante guineense na Suíça, mas bastante interventivo na vida social do país.
Este emigrante e outros guineenses criaram o movimento contra a devastação da floresta em 2012 e na altura conseguiram que o então Governo aprovasse uma moratória contra o abate de árvores, que durou cinco anos.
Carlos Uissa defende que embora o corte de árvores não tenha parado totalmente "seria muito grave" voltar a admitir que a floresta guineense seja atacada, como anunciou o Governo no passado dia 08.
"Apelamos aos jovens nas suas comunidades para que vigiem a floresta, para que denunciem qualquer tentativa de cortar as árvores. Já nos abandonaram, já comeram tudo o que é do povo, agora querem devastar a floresta que é o nosso último sustento de verdade", sublinhou o ativista ambiental.
O movimento liderado por Carlos Uissa quer que o assunto seja levado ao parlamento para um debate e depois lançar uma campanha de reflorestação nacional "para remediar o que se devastou" entre 2012 e 2014, disse.
"No crime ambiental da altura, a cada hora chegavam ao porto de Bissau (para exportação) sete contentores de 20 pés, levando lá dentro 90 toros de madeira", declarou, frisando que o movimento vai fazer "o que for preciso" para travar as pretensões do Governo.
O ativista disse ser "argumento falacioso" quando o Governo vem dizer ser preciso autorizar o abate de árvores da floresta "para construir carteiras para os alunos".
"É mais do que claro que não há interesse nacional aqui. Há pessoas que querem colocar em causa o nosso meio ambiente por causa dos seus interesses obscuros. É tudo uma questão da ganância", sublinhou Carlos Uissa.
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