Lisboa, 20 jun (Lusa) -- Vinte pessoas foram detidas numa operação realizada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) que levou ao desmantelamento de uma organização criminosa transnacional, oriunda da região do Cáucaso, de auxílio à imigração ilegal, anunciou hoje o SEF.

Numa nota, o SEF adianta que desmantelou na quarta-feira uma associação criminosa de auxílio à imigração ilegal que fazia entrar e permanecer em Portugal cidadãos estrangeiros que se dedicavam à falsificação de documentos e ao furto de residências.

No total, foram detidas 20 pessoas, das quais 11 em resultado do cumprimento dos mandados de judiciais de detenção e de busca e nove em flagrante por uso de documento falso.

Durante a operação, que decorreu em Lisboa, Odivelas, Setúbal e outras localidades na margem Sul do Tejo, foram realizadas 15 buscas domiciliárias e apreendidas sete viaturas ligeiras, cerca de 12.000 euros e uma elevada quantia de joias, bem como diversa documentação e objetos relacionados com os ilícitos, indica a nota do SEF.

Segundo aquele serviço de segurança, a organização criminosa tem um cariz internacional e é composta "por profissionais do crime de nacionalidade estrangeira", oriundos da região do Cáucaso, com fortes ligações à Rússia e a Estados pós-soviéticos, onde permanecem as cúpulas das mesmas.

A rede fazia entrar ilegalmente na Europa operacionais que se dedicavam a vários ilícitos criminais, nomeadamente de associação criminosa, auxílio à imigração ilegal, falsificação de documentos, furto qualificado e recetação.

O SEF sublinha que "o grupo atuava através de células descentralizadas que se fixavam em determinadas áreas geográficas e que agiam separadamente sem que aparentemente mantivessem contactos, de modo a tornar mais difícil a sua deteção pelas autoridades".

Os membros da organização efetuavam "intrusões discretas em prédios com vista a verificar previamente o tipo de fechaduras das portas e as rotinas dos moradores. Posteriormente, aproveitando a ausência dos residentes, recorriam a gazuas e técnicas apuradas de intrusão para entrar no interior das casas, sem danificarem as fechaduras", explica o SEF, frisando que retiravam das residências "dinheiro e objetos de elevado valor".

Indica também que parte dos valores furtados eram posteriormente vendidos ou escoados para fora do país, diretamente para cúpulas da organização criminosa na Europa ou no país de origem dos elementos envolvidos.

Para o SEF, trata-se de uma nova forma de criminalidade organizada, possuindo o grupo desmantelado "uma notável capacidade organizativa, assente numa cultura de disciplina e de cumprimento rigoroso das regras impostas pelos cabecilhas, assim como uma elevada mobilidade e capacidade de readaptação face aos reveses".

Segundo o SEF, estes grupos criminosos estão ativos na Europa e em Portugal", encontrando-se a criminalidade organizada georgiana numa fase de "conquista de territórios na UE para práticas ilícitas, incluindo Portugal".

Segundo o SEF, Portugal é considerado "um território neutro e sem concorrência para os interesses instalados pela organização criminosa".

Na operação de quarta-feira, denominado "Vory", estiveram envolvidos 100 operacionais do SEF.

Os 20 detidos vão ser ouvidos pelo Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.

No âmbito desta investigação, o SEF já tinha detido, em abril, dois elementos do grupo quando furtavam uma casa em Lisboa, tendo sido depois detidos, em maio, outros quatro elementos pelo mesmo tipo de crime, no Porto.

Os seis cidadãos que integravam esta organização criminosa estão agora em prisão preventiva.

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