Grupo de 98 pilotos aviadores adere em bloco à AOFA em sinal de insatisfação e protesto

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 28 abr (Lusa) - Um grupo de 98 pilotos aviadores da Força Aérea aderiu em bloco à Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) em sinal de insatisfação e protesto contra as condições remuneratórias, de trabalho, e de segurança das missões.

De acordo com o presidente da AOFA, Manuel Cracel, as adesões foram concretizadas no final da semana passada.

A degradação das condições de trabalho, as reduções salariais e de suplementos específicos por um lado, e o "desinvestimento na segurança e treino" das tripulações são os principais motivos de insatisfação, disse à Lusa um dos dos pilotos, que pediu anonimato para não incorrer na violação do dever de sigilo.

"O que estamos a assistir é que há poucos pilotos qualificados, são esses que estão na linha da frente e em permanência e é-lhes retirada a possibilidade de ter uma vida minimamente estável, razoavelmente normal", disse o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas, em declarações à Agência Lusa.

Por outro lado, acrescentou, "no que toca ao treino, é importante ter noção de que, sendo operados sistemas de armas altamente complexos, que exigem uma preparação e uma qualificação elevadíssimas, o treino é fundamental".

Segundo um dos militares contactados pela Lusa, "há pilotos que passam seis meses fora de casa" em missões, cumprindo as exigências da carreira militar mas sem as compensações previstas quando fizeram aquela opção de vida.

"O treino das tripulações é reduzido, há esquadras que voam só metade das horas de voo [segundo os critérios de segurança]. Há avarias, aviões parados. Nós nunca dizemos que não voamos, mas não é verdade que não há riscos. Nós sabemos que há riscos", acentuou um outro militar do mesmo grupo, em declarações à Agência Lusa.

O grupo de pilotos em causa executa missões diárias de busca e salvamento, defesa aérea, patrulhamento, fiscalização e transporte.

A violação do dever de obediência, o dever de disponibilidade, o dever de dedicação ao serviço, previstos no Estatuto dos Militares das Forças Armadas são puníveis, afirmou o militar, que considera estar, por outro lado, a ser violado o dever de tutela.

Entre as medidas mais contestadas está, para além das reduções remuneratórias, a redução do suplemento de residência.

Este suplemento era atribuído a quem residir a mais de 50 quilómetros do local de trabalho e passou, com o atual governo, passou a ser atribuído apenas aos militares que residam a mais de 100 quilómetros.

Outro motivo de contestação é o aumento do horário de trabalho para as 40 horas semanais na administração pública, aplicável aos militares.

"Se um militar já passar meses fora de casa, se nas missões do dia a dia já cumpre 10 ou mais horas por dia, e quando aparece uma missão em que não está envolvido, tem de estar na base para quê?", questionou o militar.

SF // SMA

Lusa/fim

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