Missão da CEDEAO pede "esforços consideráveis" para eleições pacíficas na Costa do Marfim
Porto Canal com Lusa
Abuja, 19 out 2020 (Lusa) -- A missão diplomática da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pediu hoje ao Governo e oposição da Costa do Marfim "esforços consideráveis" para que a eleição presidencial de 31 de outubro seja pacífica.
A missão da organização regional africana reuniu-se no domingo e hoje com Governo e oposição e "instou os candidatos e os partidos políticos a fazerem esforços consideráveis para chegar a um acordo sobre as eleições", refere uma declaração lida à comunicação social, citada pela agência France-Presse (AFP).
A missão, liderada pela ministra dos Negócios Estrangeiros do Gana, Shirley Botchway, pediu também aos candidatos do Partido Democrático da Costa do Marfim (PDCI, em francês) e da Frente Popular da Costa do Marfim (FPI, em francês) a "reconsiderarem seriamente a sua decisão de boicotar as eleições e o apelo feito aos seus apoiantes para que se empenhassem na desobediência civil" em protestos contra o processo eleitoral.
Após o encontro com o Presidente costa-marfinense, Alassane Ouattara, que se candidata a um controverso terceiro mandato, com o primeiro-ministro, Hamed Bakayoko, e com os candidatos da oposição Henri Konan Bédié (PDCI) e Pascal Affi N'Guessan (líder de uma ala do FPI), a missão diz ter notado uma "persistência de pontos de divergência no processo eleitoral", assim como uma "desconfiança dos candidatos e atores políticos em dialogar", acrescenta a AFP.
A missão, realizada duas semanas antes das eleições presidenciais na Costa do Marfim, aconteceu depois de episódios de agitação civil que provocaram pelo menos três mortes nos últimos três dias.
A oposição tem lançado a possibilidade de um boicote às eleições presidenciais, pedindo uma reforma do Conselho Constitucional e da Comissão Eleitoral Independente, que acusa de serem "subservientes" ao Governo.
Em 15 de outubro, a oposição apelou para uma campanha de "desobediência civil" e a um boicote das "operações eleitorais".
Para os opositores de Ouattara, este não tem direito a candidatar-se a um terceiro mandato.
Eleito para a Presidência em 2010, quando substituiu Laurent Gbagbo, e reeleito em 2015, Ouattara tinha anunciado em março que não iria procurar um terceiro mandato, acabando por mudar de ideias após a morte do seu delfim, o primeiro-ministro Amadou Gon Coulibaly, em 08 de julho deste ano.
A Constituição da Costa do Marfim prevê um máximo de dois mandatos, mas o Conselho Constitucional decidiu que, com a aprovação de uma nova versão do texto fundamental do país, em 2016, o número de mandatos de Ouattara foi reposto a zero, algo contestado pela oposição.
Na Costa do Marfim paira um receio de uma repetição de mortais episódios de violência, à semelhança do que aconteceu após as eleições presidenciais de 2010.
Estima-se que 3.000 pessoas tenham morrido devido à recusa de Laurent Gbagbo em admitir a derrota face a Ouattara.
A violência que se seguiu ao anúncio da participação de Ouattara nas eleições de outubro, em agosto, resultou na morte de pelo menos 15 pessoas na Costa do Marfim.
A CEDEAO é composta por Benim, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
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