Covid-19: 'Cluster' do mobiliário animado com recuperação das exportações em julho

| Economia
Porto Canal com Lusa

Redação, 08 out 2020 (Lusa) -- As exportações do 'cluster' português do mobiliário acumulam um recuo homólogo de 23% nos primeiros sete meses do ano, penalizadas pela pandemia, mas a "ligeira subida" registada em julho está a animar as empresas, segundo a associação setorial.

"A média é, ainda, negativa, com uma descida de 23% das receitas oriundas de exportações entre janeiro e julho, face a igual período do ano de 2019, mas em julho houve um ligeiro aumento, de 166 milhões de euros em 2019 para 167 milhões em 2020, e a tendência levanta algum otimismo entre as empresas", refere a Associação Portuguesa das Indústrias de Mobiliário e Afins (APIMA) num comunicado divulgado hoje.

Esta "ligeira" recuperação em julho contrasta com as quebras dos últimos meses, resultantes do impacto da pandemia, e que inverteram o crescimento que a fileira - que integra setores como mobiliário, colchoaria, decoração, tapeçaria e iluminação - vinha registando.

Conforme recorda a APIMA, após ter batido em 2019 um valor recorde de exportações, que atingiram os 1,83 mil milhões de euros, o 'cluster' português do mobiliário iniciou o ano de 2020 "ao mesmo ritmo, com um crescimento médio de 5% face ao ano anterior".

O eclodir da pandemia de covid-19 inviabilizou, contudo, a manutenção desta tendência e, em março, as vendas para o exterior registaram um decréscimo de 32%, que em abril se agravou para os 75%, fazendo deste "um dos piores meses da última década" para a fileira, com apenas 38 milhões de euros em exportações.

Contudo, destaca a associação, "o fim do confinamento e a retoma económica, aliados à tradicional resiliência destes setores, abrem boas perspetivas para a recuperação da vocação exportadora" e, se em maio a queda registada ainda foi de 52%, em junho a descida foi já de apenas 7%, em termos homólogos, e julho representou o regresso à tendência positiva.

"Os dados divulgados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] permitem aferir que, mesmo perante um dos anos mais desafiantes da história recente, o 'cluster' do mobiliário e afins registou uma subida das exportações em três dos sete meses contabilizados", sustenta a APIMA.

Ainda assim, um inquérito efetuado em julho ao setor demonstrava que 70% das empresas tinham planeamento produtivo até ao mês de setembro, mas reportavam "bastantes incertezas" relativamente ao último quadrimestre do ano, "face às dúvidas relativamente ao comportamento dos principais mercados".

O inquérito desenvolvido pela associação evidenciou ainda que 60% das empresas previa retomar o volume de negócios anterior à pandemia apenas no ano de 2021.

França continua a ser o principal destino do mobiliário português, com uma quota de 30% e, segundo a APIMA, "explica boa parte dos resultados registados pela fileira neste período, com um decréscimo de 32% face aos primeiros sete meses do ano anterior".

Já no mercado espanhol, o segundo mais importante para as empresas nacionais, a queda foi "menos significativa", com uma descida de 11% na importação de bens portugueses, seguindo-se, no 'top 5' dos destinos mais relevantes do 'cluster', a Alemanha, os Estados Unidos e o Reino Unido, com descidas homólogas de 31%, 14% e 30%, respetivamente.

Citado no comunicado, o diretor executivo da APIMA considera que estes dados "são preocupantes", mas admite que "correspondem às expectativas" da associação.

"Tenho, contudo, de ressalvar a resiliência que caracteriza este 'cluster'", afirma Gualter Morgado, salientando que "rapidamente encontrou novas plataformas comerciais, com um grande enfoque no digital, e procurou novos clientes, mercados e oportunidades".

"Assim se explica que, mesmo perante as enormes contingências e dificuldades, o ritmo de recuperação esteja a ser mais célere do que o de outros setores da economia nacional", remata.

O 'cluster' do mobiliário e afins apresenta-se como um dos mais exportadores da economia portuguesa, com cerca de 90% da produção a ser canalizada para o exterior, tendo mantido nos primeiros sete meses do ano um saldo da balança comercial positivo, de 377 milhões de euros, com uma taxa de cobertura das importações pelas exportações de 180%.

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