Rio de Janeiro vive clima de tensão com investigações de corrupção a políticos

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Porto Canal com Lusa

São Paulo, 20 set 2020 (Lusa) -- A cidade e o estado brasileiro do Rio de Janeiro vivem um momento caótico de grande ebulição e de disputas políticas que se tornam mais acentuadas com o avanço de investigações sobre casos de corrupção que envolvem autoridades locais.

Há menos de um mês, o governador eleito em 2018, Wilson Witzel, foi afastado do cargo e acusado de liderar um esquema de corrupção por promotores que investigam desvio de dinheiro na área da saúde durante a pandemia, que, além de gerar problemas na esfera criminal, justificou a abertura e o avanço de um processo de destituição na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que tudo indica culminar na sua demissão.

O governador em exercício, Cláudio Casto, é investigado e apontado como participante do mesmo esquema que gerou o afastamento de Witzel. Desde que tomou posse como interino, Castro tenta sobreviver politicamente e busca o apoio do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que tem no Rio de Janeiro a sua base eleitoral.

O Presidente brasileiro, por sua vez, tem interesse em influenciar a política local e beneficiou do afastamento de Witzel, um ex-aliado que se tornou opositor no ano passado, já que além de contar com muitos eleitores no estado sabe que dois dos seus filhos, Flávio Bolsonaro e Carlos Bolsonaro, são investigados pela polícia e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Na esfera municipal, o bispo evangélico e prefeito da capital 'carioca', Marcelo Crivella, eleito em 2016 e candidato a reeleição neste ano, escapou na última quinta-feira de um pedido de abertura de um processo de destituição na Câmara dos Vereadores -- quinta tentativa de afastamento -, mas permanece apontado como suspeito em investigações sobre corrupção e crimes administrativos.

Eduardo Paes, candidato que lidera as sondagens de intenções de voto nas municipais do Rio de Janeiro, marcadas para novembro próximo, também foi alvo de denuncias da operação Lava Jato nas últimas semanas e pode ver sua candidatura revertida ou severamente prejudicada.

Diante de um quadro em que as principais lideranças políticas cariocas aparecem como investigadas ou suspeitas de terem praticado crimes económicos com muitas acusações de corrupção e intrigas, Creomar de Souza, analista de risco político da consultoria Dharma Political Risk and Strategy, mostra-se preocupado.

"Há um cenário em que possivelmente temos mais grupos políticos tentando ter poder no Rio de Janeiro do que espaço político a ser ocupado", afirmou.

"Estes grupos políticos estão disputando poder entre si e isto se soma a elementos com o estado caótico da segurança pública, o papel do crime organizado nestes processos todos. Junta-se a isto também a pandemia, crise global, económica (...) Quando você olha o Rio de Janeiro parece haver uma tempestade perfeita que coloca as instituições estaduais e municipais em uma condição de estado falido", acrescentou Souza.

Já Ricardo Ismael, o analista social e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), sublinhou que os problemas legais envolvendo políticos do Rio de Janeiro criou uma espécie de vazio político.

"Existe um vácuo do poder político que vai em algum momento sendo ocupado. A população, de um lado busca a renovarão de liderança política, mas até agora continuamos tendo uma série de notícias negativas e escândalos. O que o eleitorado deseja é que existam pessoas que possam dar conta dos problemas do estado", explicou Ismael.

Para Creomar de Sousa, a corrupção é um problema no estado: "O que nós vimos, nos últimos anos, exceto o caso do [ex-governador] Sérgio Cabral, é que no Rio de Janeiro um número considerável de políticos foi acusado de determinadas condutas não republicanas e estas acusações não culminaram em condenações (...) Há um processo de falência da credibilidade da lógica institucional e isto abre espaço em algum sentido para que o processo de corrupção seja endémico".

"Não posso cometer a leviandade de dizer que a corrupção é endémica do ponto de vista prático no Rio de Janeiro, mas do ponto de vista simbólico e de perceção do cidadão há uma compreensão de que as estruturas não funcionam dentro de uma normalidade", conclui.

CYR // PJA

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