Financiamento dos bancos no BCE vai tornar-se “altamente sensível” a alterações no 'rating'
Porto Canal
O fim do programa de resgate vai tornar o acesso da banca ao financiamento do BCE “altamente sensível” a futuras decisões de ‘rating’, considerou hoje o FMI, que defende mais esforços no sentido do fortalecimento de capital pelos bancos.
Segundo o relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) referente à 11.ª e penúltima avaliação ao memorando de entendimento, apesar de começar a melhorar o financiamento da banca junto dos mercados internacionais, os bancos portugueses continuam a depender muito do financiamento do Banco Central Europeu (BCE). Segundo os dados mais recentes, em março, os bancos tinham uma exposição ao BCE de 45.047 milhões de euros, ainda assim o valor mais baixo desde julho de 2011.
Este financiamento do BCE à banca portuguesa só foi possível porque nos últimos anos, com Portugal sob a alçada do programa da ‘troika’, o BCE aplicou um regime de exceção pelo qual passou a aceitar todos os títulos de dívida portugueses como garantia do dinheiro emprestado, apesar do seu ‘rating’, permitindo à banca utilizar obrigações soberanas portuguesas.
O FMI vem agora alertar para o que já tem sido avançado pela imprensa, de que com a conclusão do programa de ajustamento, e sem um programa cautelar, as regras extraordinárias do BCE “deixarão de estar em vigor”
De início, essa retirada da medida extraordinária pelo BCE não deverá ter impacto de imediato no sistema bancário português, uma vez que ainda há uma agência de ‘rating’ – a canadiana DBRS – que dá a Portugal uma nota dentro do nível de investimento, mas o FMI avisa que a “disponibilidade de colateral dos bancos se vai tornar altamente sensível a futuras decisões de ‘rating’”.
Para prevenir isso, defende a instituição liderada por Christine Lagarde, deverão ser exigidos aos bancos “esforços renovados no fortalecimento dos ‘buffers’ [almofadas] de capital”, assim como “planos de contingência em caso de queda do ‘rating’” soberano.