Fábrica de cerâmica de Viana renasce e já contrata depois da insolvência
Porto Canal
Uma histórica fábrica de cerâmica de Viana do Castelo, que esteve insolvente durante um ano e meio, conseguiu renascer e, em apenas cinco meses, já voltou a contratar trabalhadores, informou hoje a nova administração da Vianagrés.
Segundo Jorge Vieira, a fábrica produz sobretudo louça e emprega atualmente 50 pessoas, devendo faturar um milhão de euros já este ano.
Aquele empresário da Póvoa de Lanhoso, que adquiriu a fábrica de cerâmica em novembro de 2013, adiantou que o objetivo para este ano passa por reconquistar o mercado interno, perdido durante o período de insolvência, seguindo-se a internacionalização da marca.
"Para este ano prevemos que 50% da produção seja para exportação. Em 2015 devemos crescer para os 80%", disse o empresário, à margem da apresentação do símbolo da campanha turística local "Páscoa Doce", um ovo de cerâmica produzido precisamente pela Vianagrés.
Instalada há 28 anos na freguesia de Carvoeiro e uma das mais emblemáticas e últimas do género na região, a fábrica Vianagrés pertencia ao grupo de construção civil e obras públicas Aurélio Martins Sobreiro, que encerrou atividade em 2012 face a dívidas na ordem dos 31,3 milhões de euros.
Durante o ano e meio de insolvência, a fábrica nunca parou a atividade, sobretudo "graças" aos 43 trabalhadores que ali resistiram.
"Foram o que eu costumo chamar de guerreiros. Aguentaram-se mesmo com salários em atraso e lutaram muito. Foram os grandes obreiros da Vianagrés estar hoje onde está", garante Jorge Vieira.
Com a insolvência colocada para trás e com mais sete trabalhadores contratados, a fábrica já está a negociar encomendas para a Alemanha e Estados Unidos da América.
"Para já está a correr bem e estamos a contar com um bom futuro", admitiu o empresário.
No final do ano passado, logo após a aquisição, a fábrica chegou a trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana, ritmo que a administração admite voltar a implementar para dar resposta à carteira de encomendas.
Uma dessas encomendas é o "Ovo da Páscoa", uma peça em grés produzida por aquela fábrica e hoje apresentada na Câmara de Viana do Castelo. Trata-se de uma encomenda da autarquia e que já fazia parte da coleção daquela unidade.
A peça foi agora reinventada num conceito "urbano e pop" para simbolizar o espírito do programa de animação "Páscoa Doce", organizado pelo município, tendo em destaque uma imagem da Praça da República de Viana do Castelo.
Durante a apresentação desta peça, o presidente da Câmara admitiu que a retoma da laboração da Vianagrés "reveste-se de grande importância para o município", não apenas por se tratar "de uma atividade antiga do concelho como ainda pela manutenção dos postos de trabalho".
José Maria Costa sublinhou igualmente o "esforço de inovação e competitividade" para "salvar a empresa" e adiantou que este ovo em cerâmica será a primeira parceria entre o município e a "nova" Vianagrés.
Para já foram produzidos mil exemplares da peça, a distribuir pelos estabelecimentos de hotelaria e restauração da cidade. No futuro, este "Ovo da Páscoa" incluirá outros monumentos do concelho.