PS acusa Passos Coelho de "fugir" ao esclarecimento das grandes questões do país
Porto Canal
O PS considerou hoje que o primeiro-ministro foge a dar respostas concretas, indiciando assim que se manterão os "cortes brutais" nas pensões e salários, e acusou-o de procurar desvalorizar os resultados das próximas eleições europeias.
João Proença, membro do Secretariado Nacional do PS, falava aos jornalistas em reação à entrevista concedida à SIC pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
"Podemos concluir que o primeiro-ministro fugiu a dar respostas concretas. Podemos interrogarmo-nos se é por não estar preparado, se é para fugir a verdade, ou porque estamos em plena campanha eleitoral, quer para as europeias, quer para as legislativas", disse.
Apesar dessa alegada indefinição, o ex-líder da UGT (União Geral dos Trabalhadores) disse que Pedro Passos Coelho deu sinais inequívocos de que "se vão manter os cortes brutais nos salários e nas pensões, transformando em definitivo aquilo que eram medidas provisórias".
"Desta entrevista resulta também uma notícia extremamente grave para todos os pensionistas, porque as suas pensões atuais vão ser mexidas no futuro. O primeiro-ministro foi claro nessa matéria", disse.
Ou seja, segundo João Proença, aquilo que fora dito pelo Governo "há dias - e que o primeiro-ministro desmentira -, afinal, confirmou-se nesta entrevista".
"As medidas que o Governo se tinha comprometido com a ?troika' (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia) relativamente a introduzir fatores económicos e demográficos também vão abranger as atuais pensões", apontou o membro da direção do PS.
Na reação à entrevista do primeiro-ministro, João Proença criticou-a por não ter apresentado "uma única ideia de futuro para o país, designadamente em matérias como o crescimento e emprego", e lamentou que Pedro Passos Coelho não tenha esclarecido onde o Governo vai cortar em 2015 cerca 730 milhões de euros, "já que é de pensar que essa medida afetará as áreas da educação, da saúde e das prestações sociais".
Interrogado sobre a garantia de Pedro Passos Coelho que nunca se demitirá em função de um mau resultado nas eleições europeias, João Proença considerou natural que a coligação PSD/CDS se apresente nesse ato eleitoral para ganhar.
"Mas não é legítimo que o primeiro-ministro desvalorize os resultados das eleições europeias e diga que as eleições europeias não servem de teste ao Governo. Este Governo tem faltado aos seus compromissos eleitorais", apontou o membro do Secretariado Nacional do PS.