Covid-19: CCP assinala "retoma bastante fraca" e pede "choque de consumo"

| Economia
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 29 jul 2020 (Lusa) - O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou hoje, depois de uma reunião com o Presidente da República, que a retoma económica está a ser "bastante fraca" e pediu um "choque de consumo".

"Neste momento a retoma é bastante fraca. Há um ambiente, ainda, de grande receio, e acima de tudo não favorável ao consumo. Há vários setores com perda de poder de compra, há restrições à mobilidade", disse o presidente da CCP aos jornalistas à saída de uma reunião no Palácio de Belém com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

João Vieira Lopes assinalou que "há uma parte significativa da população que não está motivada para voltar ao consumo", pelo que apelou a um "choque de consumo", intenção que foi também manifestada a Marcelo Rebelo de Sousa.

O responsável assinalou a necessidade de "haver um conjunto de medidas que favoreçam [condições] para que os portugueses voltem a consumir mais", algo "vital para a sobrevivência das empresas".

Questionado qual seria o escopo dessas medidas, João Vieira Lopes deu o exemplo da Alemanha e de outros países, "onde há desde baixas de IVA a incentivos ao consumo".

"Por exemplo, na Alemanha baixou-se o IVA da restauração durante o ano, as retenções na fonte dos salários poderiam baixar, o que aumentaria a liquidez das famílias; o número de produtos que podem ser, em termos de IVA, descontados no IRS, pode aumentar de uma forma significativa" sugeriu o responsável.

João Vieira Lopes criticou ainda as "medidas que estão a ser tomadas em substituição do 'lay-off' simplificado", considerando-as "muito difíceis de as aplicar na prática", abrangendo "um número muito restrito de empresas".

Segundo o presidente da CCP, essas medidas "não vão impedir o feito de, em setembro e outubro, haver da parte de muitas empresas, opções de encerramento ou de redução dos seus quadros".

João Vieira Lopes referiu-se ainda à visão estratégica do gestor António Costa Silva para relançamento da economia, criticando "o modo como foi elaborado e apresentado" o documento.

"Esse plano praticamente omisso em relação ao turismo, ao comércio e aos serviços, que representam 70% do PIB [Produto Interno Bruto]. Não pomos em dívida os aspetos importantes que lá estão, e que são relevantes, mas como é que no século XXI uma economia como a nossa pode definir o seu futuro estratégico sem entrar com elementos-chave na cadeia de valor que acrescentam valor a todos os produtos?" questionou João Vieira Lopes

O presidente da CCP manifestou a Marcelo Rebelo de Sousa a "perplexidade" e o "desagrado" face às "opções" do documento elaborado por António Costa Silva.

Vieira Lopes antecipou ainda que "em termos operacionais, antes do segundo semestre de 2021", os fundos europeus não deverão estar disponíveis.

"A nossa preocupação tem dois níveis: primeiro, como é que nós vamos ser capazes de, neste momento, garantir o máximo de sobrevivência do nosso tecido empresarial com todas as suas limitações até à vinda desses fundos europeus; segundo, será que que o Estado tem capacidade de organização, de qualificação técnica e de executar políticas para a execução desses fundos, é outra das nossas preocupações", referiu o presidente da CCP.

JE // JNM

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