Miramar, Gaia, apela ao mínimo de impacto na paisagem do projeto da IP para linha férrea

| Norte
Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 23 jul 2020 (Lusa) -- Um grupo de moradores de Miramar, Vila Nova de Gaia, reafirmou hoje preocupação face ao projeto da Infraestruturas de Portugal (IP) de renovação do troço ferroviário naquele local, apelando à redução ao mínimo do impacto da obra na paisagem.

"Sabemos que é inevitável alterar alguma coisa. Sabemos que a segurança e o objetivo de redução de acidentes estão acima de tudo. Mas o que pedimos é: este túnel [referindo-se ao que consta do projeto original da IP] não. É muito betão e não contempla uma paisagem característica e única que tem árvores centenárias", referiu Alexandra Camacho, do grupo "Amigos de Miramar".

Na quarta-feira a IP tornou público que a renovação do troço entre Espinho e Vila Nova de Gaia da Linha do Norte foi adjudicada por 55,3 milhões de euros, depois de ter recebido visto do Tribunal de Contas (TdC).

Os trabalhos de modernização "integral" deste troço entre Espinho (Aveiro) e Vila Nova de Gaia (Porto), incluem obras na zona de Miramar, no concelho de Vila Nova de Gaia, as quais já geraram uma petição pública com o título "Não Destruam Miramar: Não ao Túnel", que, pelas 17:30 de hoje, contava com 2.191 subscritores.

Em declarações à agência Lusa, Alexandra Camacho contou que um grupo de moradores da zona reuniu com o presidente da Câmara de Gaia na Junta de Freguesia de Arcozelo na última semana, tendo após essa reunião ficado "muito esperançada" em que a IP reveja o projeto "graças à intervenção" das autarquias.

"Não somos contra o progresso e foi isso que fomos dizer ao senhor presidente da câmara e à senhora presidente da junta. Mas o progresso pode vir aliado de uma série de preocupações e o seu impacto pode ser minimizado. O desenho de túnel atual é agressivo e não é compatível com a paisagem atual. Apresentámos ideias, a câmara e a junta foram muito recetivas e comprometeram-se a falar com a IP", descreveu a moradora.

Outro aspeto que tem vindo a ser realçado pelo grupo "Amigos de Miramar" e que consta do texto da petição 'online' são as árvores centenárias que caracterizam a zona.

Alexandra Camacho revelou à Lusa que o grupo tem vindo a fazer estudos "por meios próprios e porque um dos membros é da área" e está a recolher elementos que "mostram que não é necessário retirar todas as árvores para que a zona ganhe mais fluidez.

"E o senhor presidente da câmara ouviu e mostrou-se aberto a falar com a IP também sobre esta matéria. Podemos não estar de acordo com todos os detalhes, mas há uma plataforma de diálogo criada", disse a representante do "Amigos de Miramar".

Já no texto da petição lê-se que "tornou-se recentemente do conhecimento dos moradores de Miramar que existe um plano de construção de um túnel rodoviário na Avenida Vasco da Gama para travessia da passagem de nível, com a sua supressão, projeto esse que se encontra na iminência de se concretizar", concluindo que "quem conhece esta zona sabe que se destaca pela sua traça arquitetónica antiga e cuidada".

Os peticionários sublinham, entre outros aspetos, o "abate das árvores centenárias", bem como "a construção de um túnel que abarcará grande parte do trajeto desde a praça de Índia até aos primeiros quarteirões a nascente da estação".

A 03 de julho, em resposta à Lusa, a IP esclareceu que a criação de um túnel em Miramar visa reduzir o "risco de acidentes", admitindo que será necessário remover árvores, mas garantido que "tal como acordado com autarquia, o projeto prevê a reposição de todas as árvores retiradas, bem como o arranjo paisagístico de toda a zona envolvente, numa perspetiva de minimização efetiva dos impactes associados a esta importante intervenção".

"O volume dos tráfegos rodoviário e ferroviário neste local é muito elevado, bastante acima da média das restantes PN [passagens de nível], o que potencia o risco de acidente. Apesar do esforço da IP, a implementação de um conjunto de medidas no local verificou-se ser insuficiente para diminuir as ocorrências, pelo que somente com a supressão da PN poderemos eliminar o risco de mais acidentes e comportamentos indevidos", refere resposta escrita da IP enviada à Lusa.

Este tema também já gerou dúvidas e perguntas de partidos políticos com o Bloco de Esquerda de Gaia, num requerimento datado de 08 de junho e dirigido à Assembleia Municipal, a contar que pediu a consulta do processo à IP, sublinhando, no entanto que é da câmara que espera "o cumprimento da função informativa, na medida do seu estatuto de representação e defesa dos cidadãos do Município".

Já a concelhia do CDS-PP de Gaia defendeu, a 14 de julho, a apresentação pública do projeto de construção de passagens desniveladas na Linha do Norte em Miramar, pedindo "mais transparência" à autarquia.

A agência Lusa contactou a Câmara de Vila Nova de Gaia, para mais esclarecimentos, mas até ao momento não obteve resposta.

A 04 de fevereiro do ano passado, questionado por um munícipe numa reunião pública, o presidente da câmara de Vila Nova de Gaia reconheceu que o projeto criaria "em alguns sítios um modelo de acessos e um modelo urbanístico diferente, com consequências positivas e negativas".

PFT (ACG) // MSP

Lusa/Fim

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