Morreu o realizador Luís Filipe Costa, a voz da rádio que difundiu o 25 de Abril

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 21 jul 2020 (Lusa) -- O jornalista, radialista e realizador Luís Filipe Costa, voz da revolução do 25 de Abril na rádio e autor de mais de 30 telefilmes de ficção, morreu hoje, aos 84 anos, confirmou à agência Lusa fonte próxima da família.

Com carreira profissional iniciada como radialista e ator na Emissora Nacional, entrou depois para o Rádio Clube Português (RCP), onde veio a ler os comunicados do Movimento das Forças Armadas, responsável pela Revolução do 25 de Abril.

Da rádio passaria para a RTP, onde trabalhou como argumentista e realizador, com um currículo de mais de 30 telefilmes e séries, como "A Borboleta na Gaiola", "Morte D´Homem", "Arroz Doce" e "Esquadra de Polícia".

Nascido a 18 de março de 1936, em Lisboa, Luís Filipe Costa foi também ator e encenador, e assinou os romances "A Borboleta na Gaiola" e "Agora e na Hora da sua Morte".

Com formação em Economia, sentiu mais forte a vocação para a rádio, chegando a dirigir os noticiários do RCP, tendo sido premiado e considerado uma figura motor de grandes mudanças no jornalismo radiofónico em Portugal.

Ao microfone do RCP leu, voluntariamente, os comunicados do Movimento das Forças Armadas. Depois do 25 de Abril transferiu a atividade para a RTP, onde já trabalhava desde 1970, com o início das emissões à hora do almoço e a produção do programa "O Caso da Semana".

Foi sobretudo na televisão pública que realizou filmes de ficção, documentários e peças de teatro, depois de ter iniciado a carreira no cinema como fundador da cooperativa Cinequanon, onde dirigiu os primeiros documentários, alguns em colaboração com o cineasta José Fonseca e Costa.

O seu filme "Morte D'Homem" recebeu, em 1988, o Grande Prémio do Festival de Cinema para Televisão de Chianchino, em Itália, e conquistou o 2.º prémio do Festival Internacional da Figueira da Foz.

A serie documental "Há só uma Terra", que introduziu o tema da ecología na televisão portuguesa, foi distinguida com o Prémio da Crítica do Diário de Lisboa.

Realizou ainda, entre outras, as séries "Uma Cidade como a Nossa" (1981), "Terra Instável" (1991), "Os Contos do Mocho Sábio" (1992), e os filmes "Só Acontece aos Outros" (1985), "Uma Outra Ordem" (1991), "Uma Mulher Livre" (1992), "Comédia de Camas" (1993), "Mistérios de Lisboa" (1996), "O Pai" (1997) e "Fuga" (1999), sobre uma história de Mário de Carvalho.

Na área documental, destacam-se, entre os seus últimos filmes, "Bernardo Santareno" (2000), sobre a vida daquele que é considerado um dos mais importantes dramaturgos portugueses, e "Raul Solnado - O Estado da Graça" (2002), dedicado ao ator, numa retrospetiva da sua vida e de Portugal, no século XX.

O crítico e ensaísta Jorge Leitão Ramos, no "Dicionário do Cinema Português", escreve que Luís Filipe Costa assinou "algumas das melhores produções da RTP".

No teatro, encenou a peça "África", com autoria e interpretação de Isabel Medina, sua mulher.

Em 1966 e 1974, recebeu o prémio da casa da Imprensa para o melhor radialista, e, em 2011, o premio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.

Foi condecorado a 25 de abril de 2011 com o Grau de Comendador da Ordem da Liberdade.

Luís Filipe Costa é pai do realizador Pedro Costa.

AG // MAG

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