Covid-19: Retoma do turismo em São Tomé só em dezembro - associação

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Porto Canal com Lusa

São Tomé, 21 jul 2020 (Lusa) -- O presidente da associação de Turismo de São Tomé disse hoje que a "retoma do turismo" só "atingirá o nível desejado, em Dezembro", apesar de as autoridades sanitárias considerarem que a situação da covid-19 já não está "tão complicada".

"Nos últimos tempos atingimos um crescimento exponencial, os indicadores eram bastantes bons, o número de turistas que visitavam São Tomé e Príncipe era cada vez maior e em 2019 atingimos o pico", disse à Lusa Hamilton Cruz.

Em 2019, mais de 35 mil turistas visitaram o país, 70 por cento dos quais vindos da Europa, sendo que desses, cerca de 50 por cento são provenientes de Portugal. O mercado regional representa pouco mais de 20 por cento de turistas que visitam o país.

As receitas das atividades turísticas representam pouco mais de 30 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de São Tomé e Príncipe e o turismo emprega direta e indiretamente pelo menos cinco mil pessoas, o que ronda cerca de 30 mil famílias, de acordo com as estatísticas.

Pelas contas da associação são-tomense, cada turista que visita o país, particularmente aquele que se desloca da Europa, gasta, em 15 dias, em média 1.900 euros.

"A pandemia de covid-19 vem, de facto, bloquear tudo aquilo que era uma estratégia nacional em curso para continuar a dinamizar e impulsionar o turismo", lamentou Hamilton Cruz, considerando que o setor do turismo acabou por ser a atividade económica do país "mais sacrificada" com o surgimento do novo coronavírus.

Cinco dias depois de o Governo são-tomense ter reaberto o espaço aéreo para atividades turísticas, com a autorização de voos comerciais "provenientes de todos os países, respeitando a regras gerais e os regulamentos internacionais", ainda não se verifica a entrada de turistas no país.

A capital são-tomense tem dois grandes hotéis pertencentes ao grupo hoteleiro português Pestana, designadamente o Pestana (com 115 quartos) e o Miramar (65 quartos), além de pequenos hotéis e residenciais como Residencial Avenida (18 quartos), Agosto Neto e o SH Boutique Hotel (15 quartos).

A Lusa apurou que o Pestana alberga apenas nove hóspedes, todos membros da tripulação dos aviões que entram no país, o Miramar continua encerrado, o Agosto Neto não tem clientes, e o SH Boutique Hotel tem nove médicos cubanos como hóspedes. Apenas o Residencial Avenida hospeda um turista português que entrou na noite de sexta-feira.

"A pandemia é uma questão de saúde e ela reflete-se muito a nível de confiança, portanto, até que se encontre soluções pra se resolver o problema sanitário, o turismo terá muitas dificuldades para iniciar uma retoma, ganhar o curso normal e atingir o nível desejado", defendeu o responsável.

"São Tomé e Príncipe tem que ser mais expedito, criando condições internas que deem garantias sanitárias aos turistas que o visitam, para uma saída gradual da crise provocada pela pandemia de covid-19", acrescentou.

O impacto da pandemia sobre o turismo são-tomense refletiu-se gravemente sobre a situação social dos cidadãos que dele dependem diretamente.

O encerramento dos hotéis implicou o desemprego de centenas de trabalhadores, nomeadamente na Região Autónoma do Príncipe, onde o grupo hoteleiro HBD despediu mais de 220 trabalhadores que o governo regional pretende converter em agricultores.

O responsável considerou que algumas medidas adotadas pelo Governo "não foram bem acauteladas", o que levou a que muitos trabalhadores do ramo e famílias entrassem em "falência total".

Defendeu também que as medidas em curso para recuperar a atração turística "dão minimamente confiança aos turistas ao chegarem ao país", referindo-se designadamente à instalação de laboratório de testes de covid-19 e de um hospital de campanha devidamente apetrechado.

"Para atrair os turistas para São Tomé e Príncipe, não basta apenas isto", considera Hamilton Cruz, defendendo a "necessidade urgente" das autoridades "acautelarem outras medidas" como "tornar o destino São Tomé não tão caro, sobretudo nesta fase de situação económica difícil para toda a gente".

"Neste momento, as grandes transportadoras aumentaram o tarifário, o que deixa as viagens turísticas pouco atrativas, além do espectro da doença", explica Hamilton Cruz.

A Associação Nacional do Turismo disse compreender algumas restrições sanitárias que impõem que as empresas de aviação reduzam o número de passageiros, o que inviabiliza o negócio das companhias aéreas e, por isso, a forma que estas encontram para ter lucros é "encontrar um equilíbrio com o aumento das tarifas".

Por isso, à semelhança do que acontece em alguns países, o setor propôs ao Governo acordos com a companhia de bandeira nacional, STP Airways, com vista a evitar "encarecer o destino São Tomé e Príncipe" comparticipando nos custos dos bilhetes, de forma a "manter os preços ou mesmo a reduzi-los".

O país regista, até ao momento, 741 casos positivos de infeção pelo novo coronavírus, incluindo 14 vítimas mortais.

MYB // JH

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