Emigrantes na Suíça reticentes quanto a vir de férias a Portugal

| País
Porto Canal com Lusa

Nyon, 12 jul 2020 (Lusa) -- A pandemia e os eventuais riscos no regresso ao país europeu, mas não da União Europeia está a preocupar muitos emigrantes portugueses na Suíça que preferem não ir de férias a Portugal.

"Os portugueses têm medo de perder os seus trabalhos, no caso de ficarem bloqueados em Portugal. E a maioria não quer correr esse risco", explica o Nuno dos Santos, Presidente da Associação de Apoio à Comunidade Portuguesa na Suíça (AACP).

Se por um lado a grande maioria dos portugueses residentes na Suíça se mostra preocupada com os riscos e evolução da pandemia, por outro há quem não abdique dos velhos costumes de passar férias em Portugal, movidos pela saudade de quem lá os espera.

"Temos voo marcado para meados de julho, compramos os bilhetes após o confinamento, quando tudo parecia estar estável. Temos muitas saudades da família, das idas ao teatro, ao cinema, tudo o que aqui na Suíça nunca fazemos", afirma Mariana Mendes natural de Lisboa, residente na cidade de Nyon, na Suíça Francesa.

A emigrante Lisboeta, mãe de dois filhos, confessa à agência Lusa que, este ano, a família vai para Portugal para ficar durante um mês.

"O meu marido está desde março em teletrabalho, temos cumprido à risca as medidas de prevenção e passado o tempo todo em casa. Estamos todos a precisar de espairecer e ir para junto da nossa família, obviamente que continuando a cumprir com as medidas necessárias ao combate do coronavírus", concluiu.

Segundo o presidente da AACP, o motivo de apreensão dos portugueses estará ligado ao receio de um possível fecho das fronteiras ou a uma imposição de quarentena que os obrigaria a ficar em território português, caso o vírus se prolifere de forma repentina em Portugal.

Além das preocupações com a proliferação do vírus em Portugal, o dirigente acrescenta ainda que os portugueses se têm queixado da "falta de comunicação e informação" relativamente às medidas adotadas em Portugal assim como as recomendações que devem ser tomadas em conta pelos emigrantes que pretendem viajar.

"Oiço regularmente pessoas a queixarem-se da falta de empatia por parte do governo português", afirma o presidente, salientando que "a única preocupação que existe por parte dos nossos deputados em Portugal é a diminuição das remessas dos emigrantes e das consequências que essas trarão para o turismo em Portugal".

"Preocupem-se com os emigrantes e não com o dinheiro deles", implora o dirigente associativo deixando transparecer a sua indignação face à posição dos deputados portugueses no que toca à diáspora portuguesa.

Manuel Marques, presidente da Associação dos Portugueses de Nyon, concorda com Nuno dos Santos: "Apesar da saudade, as pessoas não querem ir a Portugal para não porem em risco as suas famílias, principalmente os mais vulneráreis [os mais velhos]. Até porque na Suíça o porte de máscara não é obrigatório. Nunca se sabe o que levamos daqui". 

As consequências da pandemia têm-se feito sentir em todo o mundo, a Suíça não é exceção.

Face aos danos provocados pelo coronavírus, a maioria das empresas fazem os possíveis para recuperar dos prejuízos financeiros deixados pela pandemia.

"Este ano, só tenho duas semanas de férias, quando sempre tive três semanas no verão. A minha empresa está a aumentar o volume de trabalho para compensar todo o tempo em que estivemos parados. Este ano, não vou a Portugal", afirma Manuel Marques, que para além de presidente da Associação dos Portugueses de Nyon, é operário numa empresa de construção na Suíça Francesa.

Com 32 mil infetados e dois mil mortos, a Suíça tem mais vítimas mortais que Portugal (1.654) mas menos casos (46.221).

No país vivem perto de 300 mil portugueses.

VYS // PJA

Lusa/Fim

+ notícias: País

Preços dos combustíveis seguem em direções opostas. Confira as previsões

Depois de na última semana os preços dos combustíveis terem descido, a partir de segunda-feira as notícias não são boas para os condutores de carros a gasolina.

Um terço dos portugueses elegem 25 de Abril como a data mais importante do país

Em 2004 foi também esta a escolha de 52% dos inquiridos e de 59% da amostra no inquérito de 2014, face a outras datas propostas, como a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1985, a implantação da República (1910), a restauração da independência em 1640, a Batalha de Aljubarrota (1385) e a chegada de Vasco da Gama à Índia (1498).

Número de desempregados sobe 6% em março

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego caiu 1,9% em março face a fevereiro, mas subiu 6% em termos homólogos, totalizando 324.616, segundo dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).