Assange diz que continua a ser perseguido pelos Estados Unidos
Porto Canal / Agências
Londres, 18 jul (Lusa) - O fundador do WikiLeaks Julian Assange, refugiado na embaixada do Equador em Londres há um ano, afirmou que continua a ser a perseguido pelos Estados Unidos e reconheceu o "impasse" em que se encontra.
"Tudo o que quero é ser tratado como uma pessoa normal, em vez de ver considerações políticas contaminarem as decisões judiciais", afirmou o australiano de 41 anos em entrevista a cinco agências noticiosas e citado pela France Presse.
Assange refugiou-se na embaixada equatoriana a 19 de junho de 2012, depois de perder todos os recursos legais no Reino Unido para evitar a sua extradição para a Suécia, onde é acusado de dois delitos de agressão sexual, alegadamente cometidos em 2010.
O fundador do portal WikiLeaks, que divulgou milhares de documentos secretos norte-americanos, crê que se for para a Suécia poderá ser extraditado para os Estados Unidos para responder pela divulgação de segredos de Estado.
Depois de receber asilo do Governo do Equador, Assange não pode sair da embaixada equatoriana em Londres dado que o Reino Unido não lhe deu um salvo-conduto diplomático.
Os governos britânico e equatoriano não encontraram até agora uma saída para este caso.
Assange explicou o "impasse geopolítico" em que se encontra com "a vontade de vingança" dos Estados Unidos e apontou o "colapso do Estado de Direito" nesse país.
"Quando entrei na embaixada pensei que ficaria cá de 6 meses a dois anos", admitiu Assange, descrito como pálido e a falar pausadamente.
O ministro dos Negócios Estrangeiros equatoriano, Ricardo Patiño, que visitou o refugiado neste primeiro aniversário, afirmou que Assange "tem força para aguentar pelo menos cinco anos" na embaixada, mas disse esperar que ele "não envelheça" na missão diplomática.
"É um caso que envolve o orgulho nacional dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França (...). Houve casos de bloqueios envolvendo refugiados políticos em embaixadas que se prolongaram por anos", afirmou o ativista. O cardeal húngaro József Mindszenty ficou 15 anos na embaixada dos Estados Unidos em Budapeste, de 1956 a 1971.
"Se sair a porta, sou detido. Os meus advogados norte-americanos pensam que já há uma acusação secreta" validada pela justiça, afirmou Assange, acrescentando que um hipotético recurso para o Tribunal Internacional de Justiça "demoraria anos".
Segundo os cálculos de Assange, cada dia que passa sob vigilância na embaixada do Equador custa 11 mil libras (12.800 euros) aos contribuintes britânicos.
O fundador do WikiLeaks congratulou-se ainda com o destaque de "heróis" como Edward Snowden, um informático que se refugiou em Hong Kong e fez recentemente revelações sobre a dimensão dos programas norte-americanos de vigilância na Internet.
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