Galerista Cabral Nunes diz que Christie´s quer levar coleção Miró sem realizar exposição

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 08 abr (Lusa) - A leiloeira internacional Christie´s pretende retirar a coleção Miró de Portugal até ao fim do mês de abril, impossibilitando a sua exibição no país, disse hoje à agência Lusa o galerista e curador Carlos Cabral Nunes.

Na semana passada, o mentor da petição que defende a manutenção das 85 obras em Portugal, reuniu-se com o presidente da Parvalorem para propor a realização de uma exposição da coleção antes do leilão, previsto para junho.

Francisco Nogueira Leite, presidente daquela sociedade anónima de capitais públicos, na sequência desse encontro, contactou a leiloeira para apurar a possibilidade dessa exposição.

"Fui hoje informado que os advogados da Christie´s em Portugal deram uma resposta lacónica a este assunto: dizem que a leiloeira vai levar a coleção para Londres até ao fim de abril, o que inviabiliza a realização da exposição", disse à Lusa Carlos Cabral Nunes.

O mentor do movimento cívico contra a saída da coleção do país lamentou esta resposta da Christie´s "sem qualquer explicação plausível", que no seu entender, "prejudica Portugal".

"Já tínhamos um acordo com um museu para acolher uma exposição da coleção que, segundo as nossas estimativas, traria cerca de meio milhão de euros para Portugal", disse Carlos Cabral Nunes.

Para o curador, "perde-se uma extraordinária oportunidade para mostrar a coleção, e esta recusa representa mesmo um ultraje à República portuguesa".

"Havia tempo suficiente para realizar a exposição em Portugal até porque sabemos que o leilão só está previsto para 24 e 25 de junho", salientou.

Na sexta-feira, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) revelou à agência Lusa que a Parvalorem entregou um pedido de autorização de saída do país da coleção de arte Joan Miró.

Contactada pela agência Lusa, fonte do gabinete de comunicação da DGPC indicou que deu entrada nos serviços da entidade "a documentação necessária para a autorização de saída das obras" e que se encontra em análise.

A saída das obras, mesmo não estando inventariadas ou classificadas, só poderá ser feita legalmente com a autorização da DGPC, autoridade nacional competente na área do património.

A venda da coleção em leilão das 85 obras de Joan Miró esteve inicialmente marcada para o início de fevereiro, mas acabou por ser cancelada pela Christie´s, que não considerou a venda legalmente segura, depois de o Tribunal Administrativo de Lisboa ter apontado ilegalidades na saída das peças de Portugal.

Os dados do processo na DGPC indicam que a autorização de saída tinha sido pedida já depois de as obras terem deixado o país.

De acordo com a Lei do Património Cultural, "a exportação e a expedição temporárias ou definitivas de bens que integrem o património cultural, ainda que não inscritos no registo patrimonial de classificação ou inventariação, devem ser precedidas de comunicação à administração do património cultural competente com a antecedência de 30 dias".

A Parvalorem - sociedade anónima de capitais públicos, criada pelo Estado para recuperar os créditos do ex-Banco Português de Negócios - foi notificada pela DGPC por ter feito sair a coleção Miró sem cumprir a lei, no ano passado, e o processo está ainda em análise na entidade.

Mas a Parvalorem tem sustentado que não cometeu qualquer ilegalidade neste processo.

Na semana passada, o Diário Económico noticiou que o empresário angolano Rui Costa Reis apesentou ao Governo uma proposta de compra da coleção por 44 milhões de euros e a sua manutenção no Porto, durante 50 anos, mas o Governo veio dizer publicamente que o leilão se mantém.

A coleção, com um valor base de licitação de 36 milhões de euros, regressou ao país no final de fevereiro e, segundo a Parvalorem, encontra-se nos cofres-fortes da Caixa-Geral de Depósitos, em Lisboa.

A Lusa contactou a Parvalorem sobre a resposta da Christie´s à exposição mas até agora não obteve uma reação.

AG // HB

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