PCP defende que saída da 'troika' é meramente formal
Porto Canal / Agências
Lisboa, 08 abr (Lusa) - O secretário-geral do PCP defendeu hoje que a saída da 'troika' "é meramente formal", alegando que a atual política vai continuar, e manifestou-se indisponível para entendimentos nesse contexto, considerando que "isso significaria aceitar a paz dos cemitérios".
No final de uma reunião com o primeiro-ministro sobre a conclusão do atual programa de resgate a Portugal, Jerónimo de Sousa rejeitou ainda a associação proposta pelo PSD entre um eventual aumento do salário mínimo e a produtividade, considerando que essa "é uma opção de fundo e uma opção de classe".
Em declarações aos jornalistas, na residência oficial de São Bento, em Lisboa, o secretário-geral do PCP contrapôs que, em vez de olhar para a produtividade "pelo lado dos custos do trabalho", é preciso olhar para os custos de fatores de produção como a energia, os combustíveis, as comunicações e os transportes.
"Nós consideramos que se justifica o aumento dos salários, designadamente o salário mínimo nacional, e se querem aumentar a competitividade das empresas, então pensem nestes custos que eu referi", acrescentou Jerónimo de Sousa, criticando: "Para aí, nem uma palavra, porque se trata de grandes interesses, mas sempre a pensar como é que hão de encurtar os salários, reduzir direitos, liquidar, se necessário, a contratação coletiva".
Depois de ter estado reunido mais de uma hora com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, o secretário-geral do PCP afirmou que "o Governo, no essencial, visa prosseguir e aprofundar a mesma política que nos tem conduzido a esta situação".
"Não vai haver um pós-'troika', com ou sem programa cautelar. No essencial, [vai manter-se] o colete de forças em que meteram Portugal, designadamente com a aprovação do tratado orçamental que impõe condições, supervisão, monitorização, vigilância e até o direito de alienar a nossa soberania orçamental com intervenção direta na questão do Orçamento do Estado ", sustentou.
Jerónimo de Sousa reforçou a ideia de que "o final deste período formal deste pacto de agressão, do chamando memorando de entendimento, de facto, é meramente formal, porque no essencial as mesmas orientações, a mesma política social vai continuar".
Questionado sobre a possibilidade de haver no chamado 'pós-troika' entendimentos que promovam a paz social, o secretário-geral do PCP respondeu: "Não, porque isso significaria aceitar a paz dos cemitérios. Quando se está hoje a liquidar direitos, a reduzir salários, pensões e reformas, quando hoje existe uma carga fiscal brutal sobre as famílias, sobre os pequenos empresários, aceitar isso como natural e normal, é inaceitável".
"É preciso lutar contra esta política, é preciso uma rutura com esta política de direita, a demissão do Governo e convocar de novo eleições. Para apelar a essa paz que se traduziria em conformismo, em resignação, em abdicação, não contem com o PCP. O PCP combaterá com todas as suas forças esta política que está a desgraçar o país e os portugueses", completou.
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