"Nós estamos aqui porque amamos o FC Porto e Portugal. Para Portugal, é muito importante que o FC Porto se imponha"

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Porto Canal

Ao final da tarde desta terça-feira, tomaram posse os Órgãos Sociais do FC Porto eleitos nas votações do passado fim de semana. José Manuel de Matos Fernandes foi o primeiro a usar da palavra para agradecer a Jorge Nuno Pinto da Costa pela “oportunidade de vida” que foi “o ponto mais alto” do seu “currículo como cidadão”. O presidente cessante da Mesa da Assembleia Geral dos Dragões desejou ainda as maiores felicidades à Direção eleita e confidenciou estar com “muitas saudades da Avenida dos Aliados”. O sucessor, José Lourenço Pinto, assumiu o “profundo orgulho” e a "honra" depois do convite que lhe foi feito pelo “irmão” Jorge Nuno Pinto da Costa.

Eleito para um 15.º mandato no comando dos destinos da instituição da Invicta, Pinto da Costa fez questão de deixar palavras de “carinho” e “agradecimento” para com os “sócios anónimos” que “por mais que lhes peçam” não cortam “o elo de ligação e de amor que há entre o presidente e os adeptos do FC Porto”. O presidente, que ocupa o cargo há 38 anos, fez reavivar memórias dos discursos de 1982 quando afirmou: “Nunca esqueceremos as nossas raízes, a nossa origem. É no Porto, na região Norte, que nós queremos solidificar cada vez mais a nossa presença. E depois ela estende-se pelo Sul até ao extremo do Algarve, cada vez mais, porque no Sul também há gente boa.”

Apoio da massa associativa é invulgar
“No dia 23 de abril de 1982, pela primeira vez tive que usar da palavra como presidente eleito do FC Porto. E estava ali sentado, a evocar e a lembrar esse dia, e não pude deixar de começar por lembrar aqueles que me acompanharam e que infelizmente não estão no meio de nós mas, não querendo ser exaustivo, sintetizava e simbolizava todos em três pessoas: no doutor Sardoeira Pinto, no doutor Pôncio Monteiro e no engenheiro Armando Pimentel. Foram eles que iniciaram uma campanha que foi lançada pelo falecido engenheiro Pimentel e por um grande amigo que tenho o prazer de ver aqui à minha frente, o senhor Álvaro Pinto, que foi um dos grandes responsáveis por eu ter sido eleito presidente do FC Porto. É um prazer enorme, Álvaro, tê-lo aqui de boa saúde, com a saúde suficiente para lhe permitir continuar a ser um lutador e um Dragão sempre presente. De então para cá, passaram-se 13.820 dias, muita coisa aconteceu, muitas alegrias pude viver no FC Porto, algumas tristezas tivemos que ultrapassar, muitas ingratidões tivemos que esquecer mas, sobretudo, tive sempre um apoio invulgar da massa associativa e dos adeptos do FC Porto."

Carinho e agradecimento para com os sócios que não cortam o elo de ligação com o presidente
"Hoje, no momento em que tomei posse pela 15.ª vez, não posso deixar de ter uma palavra de muito carinho e agradecimento para com os sócios anónimos. Para com aqueles que, por mais que lhes peçam, não será possível cortar o elo de ligação e de amor que há entre o presidente e os adeptos do FC Porto. Por isso, fiquei feliz porque quando vinha a entrar nesta sala, recebi uma chamada do português por quem tenho mais admiração como figura publica, o presidente Ramalho Eanes, que me telefonou a dar os parabéns e a desejar as maiores felicidades. Ele, que em 1982 era o Presidente da República, que foi muito importante para nós pelo apoio que sempre nos deu, demonstrou com este telefonema que realmente os homens de caráter não acedem a essas mensagens e pedidos para que se corte com o passado e para que se esqueça tudo aquilo de bom que vivemos. Quero aqui agradecer, publicamente, ao General Ramalho Eanes, que foi muito importante para mim e para o FC Porto, e que ainda hoje está atento aos mais pequenos pormenores do nosso clube. São dias difíceis, os de hoje, todos nós sabemos."

Se isto fosse fácil, o barbeiro era presidente porque ninguém é mais portista que ele
"Eu tive um saudoso diretor, Perez Andion, um galego que amava o FC Porto como alguns portuenses não conseguem fazer, e ele tinha uma célebre frase que aqueles que o acompanharam nessas direções se lembrarão: «Se isto fosse fácil, o meu barbeiro era presidente, porque eu não conheço ninguém mais portista que o meu barbeiro». A equipa que eu escolhi para enfrentar as dificuldades que nos esperam, são garantia de que nos tempos difíceis não se foge, dá-se a cara, luta-se e pretende-se pôr as coisas cada vez melhor. Eu disse quando me candidatei, tenho muito orgulho, não é no meu passado mas no passado do FC Porto e nos 38 anos em que tive a honra de ser seu presidente. Mas não foi a pensar no passado nem foi certamente a pensar naquilo que eu fiz, que os sócios votaram em mim e me deram quase 70% de votos. Não foi por isso que eles votaram, foi porque sabem que estamos aqui, eu e a minha equipa, para podemos pôr o FC Porto cada vez maior e melhor. Não só resolver os seus problemas, é resolver os seus problemas e ir mais além com novas realizações. E tenho a certeza absoluta que, daqui a quatro anos, a equipa que entregar o FC Porto aos vindouros vai ter muito orgulho daquilo que conseguiu fazer nestes quatro anos."

Orgulho nas origens
"Nós estamos aqui essencialmente porque amamos o FC Porto, porque amamos Portugal e sabemos que, para Portugal, é muito importante que o FC Porto se imponha, porque infelizmente é dos poucos baluartes do Norte que resistem à onda cada vez maior de centralismo. É essa missão que nos traz aqui. É com muito orgulho que tenho aqui, atrás de mim, a bandeira do FC Porto, a bandeira de Portugal e a bandeira da nossa cidade. Nunca esqueceremos as nossas raízes, a nossa origem. É no Porto, na região Norte, que nós queremos solidificar cada vez mais a nossa presença. E depois ela estende-se pelo Sul até ao extremo do Algarve, cada vez mais, porque no Sul também há gente boa. Fomos atacados porque tínhamos muitos políticos na nossa lista. Foram atacados os políticos por estarem na nossa lista. Eu tenho pena de não ter mais, porque há políticos, como em tudo, muito bons, bons, menos bons, quiçá maus. Agora, os que eu tive a honra de ter na minha lista, são bons como políticos, mas se não forem bons como políticos também não me preocupa, porque são homens que amam o FC Porto e homens de grande caráter e coragem. Naturalmente que essas críticas que lhes foram feitas, até por gente dos outros clubes, eu compreendo-as. Eu tive a coragem de os convidar e eles tiveram ainda mais coragem em aceitar. Naturalmente que ninguém consegue ter gente de tanta qualidade nas suas listas porque não tem coragem sequer de os convidar. E se os convidasse, se calhar vinham de mãos vazias. Por isso, aos chamados políticos, que para mim nem são políticos, são pessoas que defendem as suas terras e as suas causas, eu quero agradecer imenso a coragem em terem aceite o meu convite. E dizer-lhe que espero muito de vós, não é por serem políticos, nunca pedi nada a político nenhum. É porque sei o vosso amor ao FC Porto, sei a vossa qualidade em tudo aquilo em que se empenham. Uma palavra de agradecimento a todos vocês porque têm sido ofendidos, infelizmente, até por gente nossa. Bem-haja!"

Fim de um mandato difícil mas com muitos êxitos
"Termina um mandato que foi difícil mas que teve muitos êxitos. Mas eu digo sempre que não sou historiador, não é a mim que me compete fazer a história da vida do FC Porto. Mas, ao findar este mandato que terminou, não posso deixar, publicamente, de dar um palavra de muito apreço, especial agradecimento e muita amizade aos três elementos que deixam de pertencer à direção. Ao Engenheiro Eduardo Tentúgal Valente, grande portista, homem que tem, e continuará a ter, uma obra eleição no FC Porto. Ao professor Emídio Gomes, igualmente um grande portista. E ao meu amigo Joaquim Faria e Almeida, por motivos de saúde, queria deixar publicamente um agradecimento. E dizer-lhes que conto com eles na missão em que estão e em missões que naturalmente ainda lhes serão atribuídas. Aos novos da minha direção, ao José Américo Amorim, que pela primeira vez enquadra os cargos diretivos do FC Porto, ao doutor Paulo Mendes, ao Vítor Baía, não sei se conhecem, e ao Fernando Gomes, que também entram pela primeira vez na nossa direção, digo-lhes que não entraram por serem meus amigos nem pelo vosso nome ou passado. Passado é passado, é para os historiadores. Vocês entraram porque eu sei que vocês vão contribuir grandemente para o futuro do FC Porto. É com esse espírito que temos de estar no dia-a-dia, contando com as adversidades, sabendo que é necessário trabalhar muito, que é necessário ser muito imaginativo, é necessário saber ouvir os que nos querem e é necessário saber não ouvir aqueles que estão do lado oposto."

Apreço pelo surgimento da lista D
"Uma palavra também para os eleitos membros do Conselho Superior. Apreciei muito o aparecimento da lista D, que ao candidatar-se ao Conselho Superior, mostrou uma pujança e um interesse na vida do FC Porto que pode, e deve, ser muito importante. Não vieram atrás de aparecer em palco, não vieram atrás de lugares, vieram para servir o FC Porto. Fiquei muito feliz por entrarem três membros dessa lista porque vão ser, certamente, de grande utilidade. O Conselho Superior é um órgão consultivo segundo dizem os estatutos. Mas desde há muito tempo que eu tenho dito que tem que ser mais do que isso. Tem que, conforme a qualidade que possa ter, e hoje tem-na mais do que nunca, tem de ser aproveitado. Naturalmente, brevemente iremos reunir o Conselho Superior, mesmo não sendo obrigatório, para definir princípios e aquilo em que podem colaborar, numa possível, e necessária, revisão dos estatutos. Noutras realizações, aproveitando as ideias daqueles que elegi na minha lista, porque os conheço, e daqueles que concorreram apenas com o espírito de ajudar o FC Porto no Conselho Superior."

Jornal A Bola é o inimigo número um
"Para que conste, e para memória futura, uma palavra para a comunicação social. Foi muito importante, para mim, nesta campanha eleitoral, ver o seu posicionamento. Eu só me preocupei algumas vezes se os meus amigos que não me vêm no dia-a-dia se calhar pensaram que eu morri ou estou doente. Porque eu desapareci do mapa, e ainda bem. Porque estou vivo mas lia-os. E verificar que qualquer bicho careta que quisesse aparecer na primeira página do jornal A Bola só tinha que me insultar, foi um fantástico aditivo para mim e para a minha campanha. «Queres aparecer na primeira página? Diz isto, diz aquilo. Nem que depois venhas dizer que não disseste, é mais mentira, menos mentira. Mas diz e sais na primeira página». Isto a mim provou-me que o nosso inimigo número um, o grande derrotado deste ato eleitoral, o jornal A Bola, quer mesmo que eu vá embora. E isso para mim é um estímulo, porque é sinal que acham que eu ainda sou importante para ajudar o FC Porto a vencer."

Sensibilizado por ser o preferido dos mais jovens
"Vamos todos iniciar um novo ciclo, vamos todos ser dignos do cargo que ocupamos, da confiança que hoje recebemos de tanta gente. Esperar que, no próximo ato eleitoral, ainda votem mais. E fiquei muito sensibilizado por saber que, entre os mais jovens, a minha lista, a lista A, foi largamente a mais votada. Sinal de que a juventude, mesmo não tendo, em muitos casos, conhecimento do que era o FC Porto há 38 anos, é sinal de que acreditam no futuro. Eles não querem romper com o elo de ligação que há entre o presidente e os sócios do FC Porto. Uma última palavra para o senhor presidente cessante da Assembleia Geral, o conselheiro Matos Fernandes, dirigiu-me umas palavras tão simpáticas que, se estiverem gravadas, vão servir para o meu elogio fúnebre, um dia que isso aconteça e eu espero que seja daqui a muito tempo. Mas queria-lhe dizer que eu conhecia-o, conhecia o seu passado, conhecia a sua personalidade, a sua verticalidade, a sua isenção. A sua passagem pelo FC Porto permitiu-me ter a honra de ter mais um grande amigo com tudo aquilo que eu aprecio mais: o caráter e a dignidade. Já tive oportunidade de o dizer mas digo-o publicamente, esperando que nas Assembleias Gerais do FC Porto, todos os que aqui estamos estejam sempre, porque estar numa Assembleia Geral é sentir e viver o FC Porto, na primeira reunião da direção hoje eleita, ficam já convocados que será segunda-feira, vou propor que, na primeira Assembleia Geral que o FC Porto venha a ter, que o doutor conselheiro Matos Fernandes seja elevado à categoria de Presidente Honorário pelos serviços que prestou ao FC Porto nestes anos. Não vos vou maçar mais, queria apenas desejar as maiores felicidades ao seu sucessor. Um portista que eu conheço há dezenas de anos e que sofre pelo FC Porto como cada um de nós. Desejar-lhe as maiores felicidades e dizer-lhe que tenho uma confiança absoluta que vai saber dirigir tão ilustre e querida massa associativa como a do nosso clube. Muito obrigado a todos, viva o Futebol Clube do Porto!"

 

Veja aqui o discurso completo de Jorge Nuno Pinto da Costa: 

 

 

Veja aqui o discurso completo de Matos Fernandes:

 

 

 

Veja aqui o discurso completo de Lourenço Pinto:

 

 

 

 

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