PR moçambicano manifesta abertura para dialogar com dissidentes da Renamo

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Porto Canal com Lusa

Beira, Moçambique 05 jun 2020 (Lusa) - O chefe de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, manifestou-se hoje aberto para dialogar com os dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), acusados de protagonizar ataques armados no centro do país.

"Nós estamos disponíveis para falar com eles e ouvir o que está mal neste processo de inclusão, reconciliação e tolerância", declarou Filipe Nyusi, durante uma cerimónia que marca a desmobilização de guerrilheiros da Renamo no âmbito dos entendimentos entre o Governo e a principal força de oposição do país.

Para o Presidente, os ataques que têm sido registados em duas das principais estradas do centro de Moçambique atentam contra o povo moçambicano, alertando que não haverá qualquer amnistia, tendo em conta que o acordo de paz já foi assinado (em 06 de agosto do ano passado).

"Os crimes que são cometidos depois do acordo são contra o povo e a soberania e o tratamento [a pena] pode ser agravado, sobretudo porque estamos num processo de paz", salientou Nyusi, pedindo o apoio de todos os moçambicanos e congratulando o líder da Renamo, Ossufo Momade, pelo seu "empenho" no processo de pacificação do país.

Os ataques armados no centro de Moçambique têm afetado Manica e Sofala e já provocaram a morte de, pelo menos, 24 pessoas desde agosto do ano passado em estradas e povoações das duas províncias.

As incursões são atribuídas pelas autoridades à autoproclamada Junta Militar da Renamo, grupo dissidente do partido de oposição liderado por um antigo general de guerrilha, Mariano Nhongo, que exige a demissão do atual presidente daquela força política, além da renegociação do acordo de paz.

Em contacto telefónico com a comunicação social hoje na cidade da Beira, o líder da autoproclamada Junta Militar da Renamo disse que não foi notificado sobre a desmilitarização do braço armado do partido, considerando o processo nulo e reiterando que é necessária a renegociação do acordo.

"O que eles estão a fazer não é nada. Os próprios guerrilheiros que estão a entregar as armas depois vão juntar-se a nós", afirmou Mariano Nhongo, acusando o atual presidente da Renamo de ter desviado o processo negocial dos ideais do seu antecessor Afonso Dhlakama, líder histórico do partido que morreu em maio de 2018, no meio de conversações com Filipe Nyusi.

Apesar de ameaças e incursões atribuídas à autoproclamada Junta Militar da Renamo, o processo do desarmamento do braço armado do principal partido de oposição previsto no acordo de 06 de agosto do ano passado continua.

Entre quinta-feira e hoje, pelo menos 38 guerrilheiros entregaram as armas no âmbito do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

Na quinta-feira, o ministro da Defesa de Moçambique, Jaime Neto, empossou Aníbal Rafael Chefe, um oficial da guerrilha da Renamo, no cargo de diretor do Departamento de Comunicações no Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.

Em 03 de dezembro do ano passado, 10 oficiais da Renamo passaram a incorporar as fileiras do comando-geral da polícia moçambicana, no âmbito do processo de pacificação.

Em entrevista à Lusa, em março, Ossufo Momade disse que o desarmamento vai abranger 5.000 guerrilheiros da Renamo e que iria arrancar em breve, mas a pandemia de covid-19 levou à instauração de um estado de emergência em Moçambique e atrasou o processo.

EYAC/JYJE // LFS

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