Covid-19: Escolas timorenses podem reabrir se cumprirem critérios
Porto Canal com Lusa
Díli, 04 jun 2020 (Lusa) -- As escolas que cumpram critérios obrigatórios de higiene e prevenção, no âmbito da covid-19, podem reiniciar as aulas presenciais, disse hoje a ministra demissionária da Educação timorense, explicando que o processo vai ser faseado.
"Estivemos a definir um padrão técnico de implementação de prevenção da covid-19 nas escolas, seguindo critérios e recomendações da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise [CIGC]", explicou Dulce Soares em declarações à Lusa.
A governante adiantou que as recomendações, avaliadas também pelo Ministério da Saúde, incluem ter água corrente, sabão e outro material de desinfeção e limpeza e máscaras para uso dos alunos, com medidas adicionais de distanciamento social.
Esse manual de critérios deve ficar concluído "ainda hoje", estando já em curso em escolas em todo o país obras para instalação de tanques de água -- onde faltavam - e a implementação de outras medidas.
As aulas nas escolas timorenses encerraram a 23 de março e a Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL) iniciou o ensino não-presencial alguns dias antes.
Dulce Soares explicou ter dado instruções às escolas para que usem fundos do subsídio de concessões escolares para "garantir a disponibilidade de água, sabão e materiais de higienização" e para comprar o que seja necessário.
A responsável educativa explicou que vários parceiros de desenvolvimento, incluindo os Governos da Austrália e dos Estados Unidos, têm estado a apoiar o executivo, incluindo com a doação de máscaras para "distribuir nas escolas das zonas fronteiriças" dos municípios de Covalima e Maliana e na Região Administração Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA).
Paralelamente o Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação (INFORDEP) vai arrancar com um processo de formação de diretores, coordenadores e professores sobre as medidas a implementar para prevenir a covid-19.
"Depois haverá reuniões com associações de pais e professores, para que as escolas possam começar a funcionar", acrescentou.
Ainda que algumas escolas que cumprem os requisitos já estejam a funcionar, Dulce Soares admitiu que a reabertura de aulas presenciais vai ser faseada ao longo do mês.
"Mas as que cumpram os critérios podem abrir já e algumas até já o começaram a fazer", referiu.
"Quisemos implementar um padrão mais elevado de medidas, incluindo distanciamento nas salas de aula e a não realização de outras atividades, porque é melhor ter medidas máximas e depois reduzir progressivamente", afirmou.
Em termos orçamentais e dadas as pressões do regime duodecimal, Dulce Soares explicou que, para além de fundos próprios, o Governo conta com o apoio internacional, como é o caso do "Global Partnership for Education".
Dulce Soares mostrou-se otimista que o ensino presencial vai também ser retomado nos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), um projeto luso-timorense que integra 140 docentes portugueses.
Ainda que cerca de uma centena de docentes tenha voltado a Portugal, num voo organizado no início de abril, Dulce Soares disse que cerca de 40 professores continuaram no país.
"A situação é até melhor do que normalmente ocorre no primeiro período do ano letivo, quando os professores ainda não chegaram e temos que trabalhar apenas com os professores timorenses assistentes", explicou.
"Os que estão cá vão continuar a trabalhar com os professores timorenses e as CAFE vão preparar as mesmas condições", referiu.
Recorde-se que Dulce Soares, dirigente do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), é um dos membros do Governo que pediu a demissão no passado 25 de maio, na sequência da decisão do partido de sair formalmente do executivo.
A governante explicou ter recebido uma carta do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, dois dias depois, em que lhe pediu que assegure o funcionamento dos serviços até que a exoneração "produza efeitos", depois de publicação do decreto do Presidente.
"Ainda não recebi essa exoneração e ainda tenho responsabilidades e, por isso, continuo a focar a minha atenção nas escolas, para garantir que conseguimos ter um ambiente adequado e seguro para as crianças", defendeu.
Ainda assim, e em jeito de despedida do cargo, Dulce Soares reiterou a importância de continuar a fortalecer o ensino do português em Timor-Leste, quer pelo reforço das escolas CAFE, quer no que toca ao programa PRÓ-Português, de formação de docentes.
Projetos, disse, que são centrais ao trabalho do Ministério da Educação e que são essenciais para a estratégia nacional educativa.
Noutro âmbito, também o ensino superior em Timor-Leste está a preparar-se para a reabertura progressiva das aulas presenciais.
Fonte do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura (MESCC) explicou que a questão foi discutida esta semana com o Ministério da Saúde e reitores dos vários centros educativos.
Antecipa-se que em breve seja produzido o diploma com as normas técnicas que as várias universidades têm de implementar.
Timor-Leste está sem casos ativos de covid-19 desde 15 de maio.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 385 mil mortos e infetou mais de 6,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
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