EUA/Floyd: Ex-secretário da Defesa de Trump acusa Presidente de querer dividir o país
Porto Canal com Lusa
Washington, 04 jun 2020 (Lusa) -- O ex-secretário da Defesa do Governo do atual Presidente norte-americano, o general James Mattis, que se demitiu em protesto pela retirada da Síria, acusou Donald Trump de querer "dividir" os EUA.
"Na minha opinião, Donald Trump é o primeiro Presidente que não procura unir os norte-americanos", escreveu Mattis, em texto de opinião divulgado na quarta-feira pela revista The Atlantic.
"Em vez disso, ele procura dividir-nos", defendeu o antigo general, que até aqui nunca comentara diretamente o mandato do multimilionário republicano.
"Observei o desenrolar dos acontecimentos desta semana, em cólera e consternado", prosseguiu, apoiando os manifestantes que reclamam, na sua opinião "com razão", a igualdade de direitos.
Desde a morte em 25 de maio, em Minneapolis, de George Floyd, um homem negro asfixiado por um polícia branco, uma vaga de cólera histórica levantou-se nas cidades norte-americanas, denunciando o racismo, a violência policial e as desigualdades sociais.
"Nós devemos rejeitar e responsabilizar os que, no poder, desprezam a Constituição", acrescentou Mattis.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos nove mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, com o Presidente a ameaçar mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.
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