Líder da Câmara dos Deputados critica Presidente brasileiro por participar em ato antidemocrático

| Política
Porto Canal com Lusa

Brasília, 02 jun 2020 (Lusa) - O presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Rodrigo Maia, criticou na segunda-feira a presença do Presidente, Jair Bolsonaro, numa manifestação antidemocrática, que classificou de "inaceitável".

Numa transmissão em direto nas redes sociais feita pela plataforma UOL, Maia teceu ainda críticas ao ministro da Defesa brasileiro, Fernando Azevedo, que, juntamente com Bolsonaro, sobrevoou de helicóptero a manifestação ocorrida no domingo em Brasília.

"No domingo ocorreu [um protesto] contra o Supremo Tribunal Federal. Foi muito mau o que a gente viu, com a participação do Presidente. Devemos criticar e condenar uma atitude como essa. Depois vai andar a cavalo? O último que andou a cavalo na Esplanada dos Ministérios foi o general Newton Cruz [militar da ditadura, em 1984]. Não são imagens positivas e de boa lembrança para o Brasil", disse Maia.

"Acho que o ministro da Defesa, com todo respeito e admiração, andar no helicóptero com o Presidente da República, para olhar uma manifestação contra o Supremo Tribunal Federal, não é uma sinalização positiva. Isso vai gerando consequências, porque sabemos que a grande maioria da população discorda, diverge, não aceita que o processo democrático seja desrespeitado", acrescentou o deputado.

Em plena pandemia de covid-19 no país, Jair Bolsonaro juntou-se no domingo a um grupo de manifestantes pró-Governo, em Brasília, sem recorrer ao uso de máscara, contrariando assim um decreto do governo do Distrito Federal, que obriga ao uso daquele material de proteção contra o vírus em espaços e vias públicas.

Num primeiro momento, o chefe de Estado usou um helicóptero para sobrevoar o movimento de apoio ao seu Governo para, mais tarde, se juntar presencialmente aos seus defensores, e cumprimentá-los junto ao Palácio do Planalto, sede da Presidência em Brasília.

Posteriormente, Bolsonaro montou um cavalo e cavalgou entre os manifestantes, acenando para o grupo.

Além do apoio a Bolsonaro, os manifestantes ergueram cartazes em defesa de medidas inconstitucionais e antidemocráticas, como o encerramento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, assim como uma intervenção militar.

"Vou continuar a defender a importância da nossa democracia, da nossa liberdade, contra qualquer tipo de visão autoritária. E cobrando a união de todos os que detém o poder no esforço de combater a pandemia, salvar vidas e a nossa economia da recessão", indicou o presidente da Câmara dos Deputados.

Maia afirmou ainda que os generais que estão no Governo de Jair Bolsonaro não representam as Forças Armadas.

"Um ministro que é general da reserva, ou ainda está no ativo e torna-se ministro de um Governo, ele não representa as Forças Armadas. Elas [as Forças Armadas] representam o Estado brasileiro (...) Esses ministros representam a política do governo Bolsonaro, legítima. Eles não podem misturar o histórico, a carreira deles, uma posição política, com o que representam as Forças Armadas", defendeu Maia.

O Governo de Jair Bolsonaro tem nove ministros de origem militar.

MYMM // JMC

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