Ferrovia está subfinanciada há duas décadas

Ferrovia está subfinanciada há duas décadas
| Economia
Porto Canal

O presidente da federação da construção e obras públicas FEPICOP defendeu hoje que "a ferrovia está subfinanciada há duas décadas", considerando que o investimento anunciado para os próximos anos é "insuficiente" para elevar os caminhos-de-ferro a níveis europeus.

Os 59 investimentos prioritários que o Governo pretende concretizar nos próximos oito anos envolvem um total de 6.067 milhões de euros, dos quais 44% destinam-se à ferrovia, 25% ao setor marítimo-portuário, 15% às estradas, 12% ao transporte de passageiros e 4% ao setor aeroportuário.

Embora o plano de investimentos em infraestruturas apresentado na quinta-feira seja "positivo" e as prioridades definidas pelo Governo estejam "certas", Ricardo Pedrosa Gomes afirmou que os montantes ficam aquém das necessidades.

"Achamos que a prioridade está certíssima, achamos é que os montantes que vão ser disponibilizados são insuficientes para colocar a ferrovia no nível europeu que precisaria de ter", comentou o presidente da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP).

"A ferrovia em Portugal está subfinanciada há duas décadas. Não é apenas construir as linhas ferroviárias de ligação internacional que são essenciais para a afirmação em termos estratégicos e logísticos do país, mas também todas as linhas ferroviárias que têm vivido, infelizmente, pelo menos nos últimos 20 anos, em subfinanciamento", salientou o mesmo responsável, notando que "existem muitas insuficiências" por falta de financiamento na linha férrea, nomeadamente a nível dos transportes de passageiros.

Ricardo Pedrosa Gomes apontou ainda algumas questões que estão em aberto, nomeadamente a forma como se vai congregar o financiamento necessário para pôr o plano em prática, já que "o montante dos fundos estruturais disponíveis não chega para tudo".

O também presidente da AECOPS (Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços) afirmou que "se Portugal fizer tudo bem feito" em relação aos fundos estruturais poderá captar até dois mil milhões de euros, mas falta assegurar um terço do financiamento através do Orçamento do Estado, "o que dependerá muito do andamento da economia", enquanto o restante virá dos privados.

E se alguns projetos terão facilidade em captar o investimento privado, como é o caso das concessões portuárias, noutras áreas "isso não vai seguramente ser possível", como é o caso da ferrovia.

Ricardo Pedrosa Gomes destacou ainda que, embora o regresso às perspetivas de investimento seja uma notícia positiva, não vai tirar o setor da construção da crise em que mergulhou nos últimos anos porque as decisões "só vão ter impacto a partir de 2017, talvez nalguns casos em 2016".

Até lá, o setor de construção quer adotar medidas de curto prazo para agilizar "a única área que pode dar alguma dinâmica ao setor" que é a da recuperação e reabilitação urbana e reclama o aproveitamento dos fundos que restam do quadro comunitário ainda em vigor.

Segundo o dirigente da FEPICOP são cerca de 1200 milhões de euros "que podem significar que, pelo menos no ano em curso, e no próximo ano, o setor de construção estancaria a queda e entraria num patamar de estagnação nos próximos dois anos".

A quebra da atividade estabilizou no ano passado, mas o setor ainda não saiu do vermelho e não deve crescer antes de 2016.

"As nossas previsões para este ano são de redução da atividade, mas não a um nível tão dramático como o dos últimos anos, em que o setor caiu dois dígitos", afirmou Ricardo Pedrosa Gomes.

Para 2014, o responsável da FEPICOP antecipa um recuo de 4% "já a um ritmo bastante inferior ao dos anos anteriores", prevendo que 2015 "seja um ano de estagnação".

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