Jornalistas na Venezuela denunciam pressão da polícia para revelarem fontes
Porto Canal / Agências
Caracas, 2 abr (Lusa) - O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela denunciou hoje que organismos policiais venezuelanos estão a submeter jornalistas a intensos interrogatórios como medida de pressão para que divulguem as fontes das suas notícias.
"O segredo profissional é um direito e responsabilidade do jornalista. Nenhum jornalista está obrigado a revelar a fonte informativa dos factos que tenha tido conhecimento no exercício da profissão", disse o secretário-geral daquele organismo.
Segundo Marco Ruiz pelo menos quatro jornalistas foram submetidos a interrogatórios sobre informações publicadas nos jornais onde trabalham ou nas suas contas pessoais do Twitter.
"Que tipo de citação, como testemunha, é essa, em que os funcionários (policiais) chegam à redação de um jornal e levam os jornalistas?", questionou aquele responsável em alusão ao caso, na segunda-feira, de Daniel Murolo e Ronaldo Gil, do diário La Región, de Los Teques (sul de Caracas).
Segundo aquele responsável, os jornalistas foram interrogados durante mais de quatro horas, com a objetivo de revelarem as fontes de onde obtiveram dados sobre o homicídio de Adriana Urquiola, uma intérprete de linguagem gestual do canal de televisão Venevisión.
Denunciou que também uma outra jornalista, Altagracia Anzola, foi submetida a interrogatório pelo mesmo caso e que Deivis Ramirez foi citado e interrogado por funcionários do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas, por ter divulgado informação sobre atos violentos ocorridos recentemente em Los Ruices, no oeste de Caracas.
Para o SNTP, as atuações policiais "procuram impor censura nos meios de comunicação e gerar inibição nos trabalhadores no momento de publicar informações sobre factos de interesse público, pela possibilidade de serem submetidos a interrogatórios, ou, inclusivamente, a procedimentos judiciais".
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