Exames: Nenhum aluno de Aljustrel e Mértola fez prova do 12ª ano de Português
Porto Canal / Agências
Redação, 17 jun (Lusa) - As escolas secundárias de Aljustrel e Mértola foram as únicas do distrito de Beja onde hoje não se realizou qualquer exame de Português, devido à greve de professores que também impediu alunos de Serpa de fazer a prova.
Segundo disse à Lusa fonte do Sindicato de Professores da Zona Sul, a adesão à greve dos professores impediu todos os alunos inscritos de realizarem a prova nas escolas secundárias de Aljustrel e Mértola.
A adesão à greve também afetou a realização do exame na Escola Secundária de Serpa, onde os professores que compareceram ao serviço só permitiram que uma das cinco salas destinadas à realização da prova fosse vigiada e apenas 15 dos 88 alunos inscritos pudessem fazer o exame.
Nas restantes escolas secundárias do distrito de Beja, apesar de a adesão dos professores à greve ter sido "significativa", os docentes que compareceram ao serviço foram suficientes para permitir a vigilância e a realização do exame.
Na Escola Secundária D. Manuel I, na capital do distrito, dos 185 professores convocados para vigiar exames, 156 fizeram greve e os 29 que compareceram ao serviço foram suficientes para vigiar as nove salas, onde 148 alunos que se apresentaram, dos 164 inscritos, realizaram a prova, disse à Lusa a diretora da escola, Maria José Chagas.
"Matei-me a estudar e não saber se posso fazer exame tem sido complicado", disse à Lusa, afetada por um "nervoso miudinho", a aluna Catarina Sousa, de 17 anos, antes de entrar na Escola Secundária Diogo de Gouveia, o outro estabelecimento de ensino secundário da cidade, e de saber que iria realizar a prova.
"Com as dúvidas todas à volta do exame, não tive cabeça para estudar" e, por isso, "preferia não fazer exame hoje e ter mais tempo para estudar", confessou Catarina, referindo que "precisa de uma boa nota a Português", apesar de ainda estar "indecisa" em relação ao curso superior a que vai candidatar-se.
"Não me dediquei muito a estudar Português, porque preferi preparar-me melhor para o exame de Biologia, na terça-feira, que é mais importante para mim", disse à Lusa Rúben Glória, de 21 anos, também aluno da Escola Secundária Diogo de Gouveia.
Por isso, e porque as dúvidas à volta da realização da prova hoje "afetaram um bocado" os estudos, "preferia e seria bom que o exame fosse adiado para ter mais tempo para estudar Português", disse Rúben, que vai candidatar-se ao curso de Fisioterapia.
Tal como "todos" os docentes da Escola Secundária Diogo de Gouveia, David Argel, de 49 anos, professor de Geografia há 23 anos, foi convocado para vigiar hoje o exame de Português, mas fez greve.
"Foram apresentadas pelo Governo medidas muito gravosas para o futuro dos professores, como o aumento da carga horária e o regime de mobilidade", o qual "constitui uma grande ameaça à estabilidade profissional dos docentes", disse à Lusa o docente, justificando assim a adesão à paralisação.
"Gostaria que a minha adesão à greve estivesse associada a outro resultado com mais impacto, mas, mesmo assim e por convicção, decidi fazer greve", disse o docente, frisando, no entanto, que a greve na Escola Secundária Diogo de Gouveia teve "uma boa adesão, mas não foi suficiente para evitar a realização do exame e se atingir o resultado previsto".
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