Operárias da Feira à porta da fábrica após penhora de máquinas
Porto Canal
Três dezenas de operárias de duas empresas de calçado que funcionavam nas mesmas instalações, em Arrifana, Santa Maria da Feira, estiveram hoje à entrada dessas unidades fabris sem possibilidade de laborarem, devido à penhora de máquinas, disse a porta-voz das trabalhadoras.
A porta-voz das trabalhadoras, Paula Costa, explicou à Lusa que estão em causa as empresas Concha Numérica e Sintagma Perfeito, cujas máquinas foram penhoradas, na semana passada, por um empresário que diz já as ter adquirido há mais de um ano, num leilão relativo à insolvência de uma terceira empresa, a Rumo Perfeito, que também funcionava na mesma morada.
"Eu já trabalho aqui há oito anos e essas empresas são todas das mesmas pessoas", afirmou Paula Costa. "Mas a semana levaram-nos as máquinas, o ar condicionado, tudo. Ficámos sem nada, sem hipótese nenhuma de trabalhar", explicou.
Na versão da fonte, o patrão das funcionárias tê-las-á então mandado para casa, em usufruto de dias de férias, mas no fim de semana avisou que resolveria a situação até terça-feira desta semana.
"Só que entretanto não nos disse mais nada e hoje viemos para cá cumprir outra vez o horário", disse Paula Costa.
Ainda segundo a porta-voz das trabalhadoras da Concha Numérica e da Sintagma Perfeito, a administração dessas empresas tem em atraso para com a generalidade das operárias "mais de metade do salário de fevereiro, 45 a 50 euros do subsídio de Natal e os duodécimos de janeiro e fevereiro - que o patrão disse à Segurança Social que pagou, mas não pagou nada".
A média dos salários ronda os 500 euros mensais, sendo que algumas funcionárias são ainda credoras de horas extraordinárias de 2012 e outras "ainda têm por gozar dias de férias de 2012 e 2013".
Contactado telefonicamente pela Lusa, o empresário visado, Manuel Silva, adiou esclarecimentos para mais tarde mas, à hora marcada, não atendeu as chamadas.
O Bloco de Esquerda anunciou, entretanto, que o seu líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, questionou "hoje mesmo" o Ministério Solidariedade, Emprego e Segurança Social sobre a situação destas empresas.
Em comunicado alusivo, o BE refere que o responsável desta empresa "já teve várias empresas, que ciclicamente encerram por insolvência". e considera que este tipo de prática é "inaceitável e reveladora da incúria total por parte do Estado".