Mercados esperam que BCE atue para enfrentar crise do coronavírus
Porto Canal com Lusa
Frankfurt, Alemanha, 11 mar 2020 (Lusa) - O Banco Central Europeu (BCE) reúne-se na quinta-feira e os mercados esperam que atue para enfrentar os novos riscos económicos que surgiram com a expansão do coronavírus.
Esta reunião destinada a analisar a política monetária da zona euro tem lugar num momento de grande incerteza, uma vez que ainda não são conhecidas as implicações económicas da crise do coronavírus e pode ser o primeiro grande teste à liderança de Christine Lagarde.
Na segunda-feira, as bolsas europeias registaram grandes quedas, com os mercados a recearem uma recessão na sequência da epidemia, um medo agravado ainda pela forte descida do preço do petróleo depois de a Arábia Saudita e a Rússia não terem chegado a acordo sobre um corte na produção.
Os Estados Unidos e a União Europeia decidiram adotar estímulos fiscais e medidas de apoio às empresas mais afetadas, enquanto a Reserva Federal norte-americana (Fed), o Banco do Canadá, o banco central da Austrália e hoje o Banco de Inglaterra decidiram baixar as taxas de juro.
O mercado prevê que o BCE baixe as taxas de juro, mas há opiniões de analistas a considerar que o corte não vai ajudar muito a economia e pressionará ainda mais os bancos, defendendo que o mais importante é apoiar as empresas de setores que estão a ser afetados pelo coronavírus para evitar que problemas de liquidez se convertam em problemas de solvência e levem a falências e desemprego.
Segundo alguns analistas, as medidas mais favoráveis são as compras de obrigações de empresas e uma flexibilidade nas condições de financiamento a um prazo bastante longo para empréstimos a pequenas e médias empresas.
O mercado está a antecipar que haja um corte na taxa de depósitos, que já está em -0,50%, para -0,60%.
Dada a valorização do euro que ocorreu depois de a Fed baixar as taxas de juro, "não ceder a pressões do mercado pode prejudicar a competitividade na zona euro", segundo o economista-chefe do AXA Group, Gilles Moëc, citado pela agência Efe.
Para Franck Dixmier, da Allianz Global Investors, "numa altura em que piora a crise do mercado de valores e foram adotadas medidas de contenção maciça em Itália, que devem ser adotadas gradualmente noutras partes da Europa, o BCE não pode deixar de atuar".
Os analistas também esperam que o BCE reveja em baixa as suas previsões de crescimento e inflação.
Em dezembro, o BCE previu um crescimento de 1,1% em 2020 e de 1,4% em 2021 e 2022, com uma inflação de 1,1% este ano, de 1,4% no próximo e de 1,6% em 2022.
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