Covid-19: Procura de petróleo deverá cair em 2020 pela primeira vez desde 2009 - AIE

| Economia
Porto Canal com Lusa

Paris, 09 mar 2020 (Lusa) - O novo coronavírus provocará em 2020 a primeira contração da procura global de petróleo desde a recessão de 2009, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), que avisa que o crescimento do consumo vai desacelerar nos exercícios seguintes.

No relatório mensal sobre o mercado do petróleo publicado hoje, a AIE reconhece que a situação ainda é muito incerta, também pela falta de acordo na sexta-feira entre os membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e os 10 aliados liderados pela Rússia em relação a um corte da produção que por agora não vai ocorrer.

Neste contexto, o organismo que reúne os principais consumidores de energia membros da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) apresenta um cenário base em que a procura global diminuirá este ano em 90.000 barris por dia e e passará de novo para baixo da barreira simbólica de 100 milhões de barris por dia, para 99,9 milhões de barris por dia.

Esta contração significa menos 1,1 milhões de barris do que o valor calculado há apenas um mês e as causas estão na China, que tinha sustentado em 2019 mais de 80% do acréscimo do consumo de petróleo em todo o mundo.

Segundo este cenário base, que pressupõe que a procura voltará a uma situação próxima da normalidade a partir de abril, a China absorverá menos 1,8 milhões de barris por dia durante este primeiro trimestre do que no mesmo período de 2019, enquanto a contração em todo o mundo será de 2,5 milhões de barris por dia.

Só em fevereiro, o afundamento à escala global foi de 4,2 milhões de barris por dia face ao mesmo mês de 2019, dos quais 3,6 milhões correspondem à China pela paragem das fábricas e as medidas de confinamento de milhões de pessoas que afetaram de forma particular os transportes.

No segundo trimestre, a agência privilegia a hipótese de um muito ligeiro recuo de 4.000 barris por dia face a 2019 que se explicaria por uma situação em que a epidemia passaria a estar sob controlo na China, enquanto as medidas de contenção teriam um efeito depressivo em outras zonas do mundo, como América do Norte e Europa.

A partir de aí, o consumo de petróleo deveria aumentar em todo o mundo com um acréscimo de 1,1 milhões de barris no segundo semestre, especialmente durante o verão.

Tudo isto partindo das últimas revisões para o crescimento económico mundial apresentadas há uma semana pela OCDE, que espera uma subida do Produto Interno bruto (PIB) mundial de 2,4%, menos cinco décimas do que o estimado em novembro.

Perante a incerteza que rodeia as suas previsões, a AIE apresenta mais dois cenários alternativos no relatório.

No cenário pessimista, com a recuperação nos países mais afetados pelo novo coronavírus demorar mais e a propagação a acentuar-se na Europa, Ásia e no resto do mundo, o consumo de petróleo poderia cair este ano em 730.000 barris por dia face a 2019.

Por outro lado, no cenário otimista, com o surto a ser controlado com certa celeridade na China e o contágio a ser limitado a poucos países com um impacto não muito grave na Europa e na América do Norte, a procura poderia terminar a expandir-se em 480.000 barris por dia em 2020.

MC // JNM

Lusa/Fim

+ notícias: Economia

Bruxelas elogia cortes "permanentes de despesa" anunciados pelo Governo

A Comissão Europeia saudou hoje o facto de as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro se basearem em "reduções permanentes de despesa" e destacou a importância de existir um "forte compromisso" do Governo na concretização do programa de ajustamento.

Bruxelas promete trabalhar "intensamente" para conluir 7.ª avaliação

Bruxelas, 06 mai (Lusa) -- A Comissão Europeia está empenhada em trabalhar "intensamente" para terminar a sétima avaliação à aplicação do programa de resgate português antes das reuniões do Eurogrupo e do Ecofin da próxima semana, mas não se compromete com uma data.

Euribor sobe a três meses e mantém-se no prazo de seis meses

Lisboa, 06 mai (Lusa) -- A Euribor subiu hoje a três meses, manteve-se inalterada a seis meses e desceu a nove e 12 meses, face aos valores fixados na sexta-feira.