Díli, 05 mar 2020 (Lusa) -- O Governo timorense está a analisar que locais devem ser utilizados para isolamento e quarentena de eventuais casos de Covid-19, devendo ser tomada uma decisão dentro de dois dias, disse hoje à Lusa a ministra interina da Saúde.

"É uma questão que nos está a preocupar, já falámos com líderes comunitários e nos próximos dias vamos decidir definitivamente", explicou à Lusa Élia dos Reis Amaral.

"Há propostas, mas por razões de segurança nacional e para evitar estigma não vamos para já falar sobre isso", sublinhou.

Em causa está um local de isolamento que requer condições para tratar doentes confirmados e um segundo espaço para acolher pessoas que tenham estado em contacto com portadores do vírus.

A ministra interina falava à Lusa depois de um encontro hoje da comissão interministerial e da Organização Mundial de Saúde em Díli que analisou vários aspetos da preparação para eventuais casos do novo coronavírus.

"Vamos recolher mais sugestões, inclusive noutros pontos de Timor-Leste, nomeadamente próximo das fronteiras terrestres, para instalar centros idênticos", explicou.

Entretanto, disse, o Governo endureceu o controlo nas entradas do país, exigindo a passageiros provenientes das zonas mais afetadas pelo vírus -- incluindo China, Coreia do Sul, Itália e Irão -- um certificado médico que garanta que não tiveram qualquer problema médico nos 14 dias anteriores.

Medidas, sublinhou a ministra interina, que pretendem reforçar a prevenção e evitar a entrada no país de potenciais casos positivos da doença, que ainda não foi detetada em Timor-Leste.

Nos últimos dias chegou a avançar-se que o Governo timorense pretendia estabelecer o local de isolamento na Clínica de Vera Cruz, no centro de Díli, e a quarentena no quartel das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), em Metinaro, a leste da capital.

O anúncio suscitou críticas, com conferências de imprensa separadas das autoridades locais de Vera Cruz, em Díli, e de Metinaro, a leste da capital, em que ambas contestaram a escolha do Governo.

No caso de Vera Cruz, os líderes locais -- incluindo chefe de sucos e administrador do posto administrativo - consideram que a capital não é o local adequado, prometendo até mobilizar protestos caso essa opção avance.

Responsáveis médicos explicaram à Lusa que a clínica é o melhor local para o isolamento, já que está a funcionar atualmente como posto médico, pelo que tem condições básicas essenciais para acolher eventuais doentes.

Críticas também da comunidade em Metinaro, onde as autoridades locais convocaram uma conferência de imprensa para recusar o estabelecimento na região do local de quarentena.

"Rejeitamos totalmente que o Ministério de Saúde estabeleça qualquer isolamento ou quarentena relativo ao coronavírus na zona do posto administrativo de Metinaro", disse um porta-voz da comunidade, apelando ao Ministério da Saúde para que "seja escolhida outra opção".

O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.200 mortos e infetou mais de 93.000 pessoas, em 78 países incluindo oito em Portugal.

O Covid-19 é o nome atribuído pela Organização Mundial de Saúde à doença provocada pelo novo coronavírus, que surgiu em Wuhan, na China, no final do ano passado.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para "muito elevado".

ASP // VM

Lusa/Fim