Dois jornalistas resgatam "os rapazes dos tanques" do 25 de Abril

| País
Porto Canal / Agências

Lisboa, 23 mar (Lusa) - Dois jornalistas que fizeram a cobertura do 25 de Abril passaram um ano em busca dos que participaram na revolução há 40 anos, alguns que nunca tinham falado, e lançam na terça-feira o livro "Os Rapazes dos Tanques".

Alfredo Cunha e Adelino Gomes, fotógrafo e redator, estavam no Terreiro do Paço e no Largo do Carmo, em Lisboa, quando foi derrubada a ditadura. O primeiro fotografou e agora, os dois foram dar corpo às caras a preto e branco das "chapas" dessa altura.

"O livro parte das fotografias do Alfredo. E as fotografias nestes dois sítios que são essenciais para a revolução começar, no Terreiro do Paço, onde há uma disputa eminentemente militar, e no Carmo, onde há uma disputa militar mas já com os revoltosos consagrados porque têm poder de fogo superior à GNR e com o apoio do povo", explicou à Agência Lusa o jornalista Adelino Gomes.

Procurar as pessoas que estão nas fotografias não foi fácil, um trabalho que os levou, disseram, de Braga à Amareleja, de Vila Real de Santo António à Madeira. O resultado é 32 entrevistas, 30 delas a homens que estiveram nos Tanques, a fazer a revolução ou contra ela, oficiais sim mas também furriéis e cabos, hoje generais ou homens anónimos, que naquela manhã receberam ordens em vez de as dar.

Através das fotografias de Alfredo Cunha, que começara a trabalhar em 1971 no jornal Notícias da Amadora e que em 1974 estava no Século (viria a trabalhar depois nomeadamente na Agência Lusa e no jornal Público), os dois chegaram aos que estavam nos carros de combate e ouviram as suas histórias, sobre quem mandou disparar contra o Terreiro do Paço, sobre quem se recusou.

Adelino Gomes, que foi jornalista no Rádio Clube Português, Rádio Renascença e RDP e depois também na RTP e no jornal Público, destaca por exemplo o depoimento de um "cabo apontador" a quem foi dada ordem para disparar contra o grupo de Salgueiro Maia. "Toda a gente andava à procura dele e nós descobrimo-lo. Mas descobrimos também e falámos com outros cabos. Este cabo, nem o presidente da junta dele sabe que ele recebeu ordens para arrasar o Terreiro do Paço".

Mas aos homens dos regimentos de cavalaria 3, 4 e 7 os dois jornalistas pediram também, além das suas histórias de vida, uma visão sobre o Portugal atual e sobre os seus heróis. Diz Adelino Gomes: "estive a fazer as contas, há 43 heróis, do Ronaldo ao Salgueiro Maia".

O livro (Porto Editora) será apresentado no Torreão Poente da Praça do Comércio, em Lisboa, o local onde Alfredo Cunha, diz, tirou a primeira fotografia da revolução que estava a começar. Agora, 40 anos passados, está lá para mostrar as fotografias mas também os protagonistas, agora já com a cor das suas palavras.

"De um lado e do outro, porque afinal os bons e os maus eram os mesmos, os rapazes dos tanques, que se conheciam todos. E foi por isso que as coisas não correram mal nesse dia e não houve uma grande desgraça", diz Alfredo Cunha.

E porquê? Ele mesmo responde: "porque tudo se passou entre os rapazes dos tanques".

FP // CC.

Lusa/fim

+ notícias: País

Boas ou más notícias para o crédito à habitação? Taxas Euribor com novas atualizações

Com as alterações desta quinta-feira, a Euribor a três meses, que avançou para 3,897%, permanece acima da taxa a seis meses (3,843%) e da taxa a 12 meses (3,731%).

Professores querem recuperação do tempo de serviço em três anos

A Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL) defendeu esta quinta-feira a recuperação do tempo de serviço em três anos durante uma reunião com a tutela, que vê com “vontade clara e determinada em resolver os problemas”.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".