Novo mecanismo resolução de bancos protege contribuintes, Elisa Ferreira
Porto Canal / Agências
Bruxelas, 20 mar (Lusa) - A eurodeputada Elisa Ferreira, responsável pela posição do Parlamento Europeu nas negociações sobre a resolução de bancos em dificuldades, manifestou-se hoje satisfeita com o compromisso alcançado em torno de um mecanismo "poderoso", que protegerá os contribuintes.
Em declarações à imprensa após uma longa maratona negocial - a última reunião começou às 15:00 de quarta-feira e terminou hoje cerca das 07:15 locais -, a deputada do PS comentou que o acordo com o Conselho (Estados-membros) acautela aquelas que eram as principais preocupações do Parlamento, ao conceber um mecanismo que operará de forma profissional, acima dos meros interesses dos Estados-membros, protegendo os contribuintes.
"No fundo, (o acordo) garante que, quando há um banco que tem problemas, não são os contribuintes que são chamados a gastar o dinheiro para salvar o banco, que de facto há um mecanismo europeu que, organizadamente, os resolve, digamos assim, e que nesse processo há uma hierarquia de perdas, que começa pelos donos dos bancos e vai por uma sequência de credores dos bancos", apontou.
Elisa Ferreira sublinhou que "não faria sentido" que houvesse "uma supervisão forte, como vai ser a do Banco Central Europeu", mas depois, um banco que fosse considerado inviável "fosse atirado para as mãos de um país - o país de onde é originário - quando toda a supervisão, toda a regulação acabou por ser feita a nível europeu".
"Era preciso criar um instrumento também poderoso que fosse capaz de, organizadamente e profissionalmente, fazer as operações necessárias para evitar que uma falência desorganizada de um banco crie um problema como criou o Lehman Brothers e (problemas) como depois nós tentámos todos evitar, e fizemos isso no passado envolvendo os contribuintes, que não devem ser chamados para este tipo de fins, em vez de envolvermos no processo de resolução os donos dos bancos e os seus credores. E é essa a nova regra que vai passar a imperar na Europa", sublinhou.
A eurodeputada sublinhou também o papel desempenhado pelo Parlamento nas negociações para que "houvesse o máximo de separação entre um processo tem que ser técnico, credível e operacional, e a tendência que os Estados têm para interferir politicamente e alterar as condições quando os seus bancos estão em causa".
"Não vamos ter em relação aos bancos o mesmo sistema que nós notamos no processo de gestão da dívida soberana, isto é, que são os países mais poderosos a dizer o que é que acontece aos bancos dos países mais frágeis", disse, apontando que haverá antes lugar a "uma decisão profissional, com base em regras comuns", e que complementará assim "uma supervisão também europeia".
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