BE diz que apoio estrangeiro ao Manifesto dos 70 deixa Governo "mais isolado"

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 20 mar (Lusa) -- O Bloco de Esquerda considerou hoje que o apoio de personalidades estrangeiras ao Manifesto dos 70 confirma que o Governo está "cada vez mais isolado" na ideia de pagar a dívida sem pedir uma reestruturação.

"Este manifesto de apoio [ao manifesto assinado por] personalidades portuguesas vem confirmar a ideia de que o Governo está cada vez mais isolado nesta sua ideia radical e irresponsável de que pode pagar a dívida nos termos nas condições a que se propõe", disse em declarações à Lusa, Mariana Mortágua.

"É matematicamente impossível" para Portugal cumprir o pagamento da dívida, defendeu a deputada do Bloco de Esquerda, sublinhando que este não é só um entendimento do partido que representa, mas de várias personalidades que, em Portugal, já disseram que "não vale a pena sacrificar o crescimento da economia, o bem-estar das pessoas, os salários, as pensões e o bem-estar social em nome de uma dívida que vai estar sempre maior".

"Vamos estar sempre a correr atrás de uma 'senhora' que está sempre cada vez mais longe", frisou Mariana Mortágua, lembrando que, hoje, um conjunto de economistas internacionais e professores de economia de diversas universidades confirmam essa ideia.

Mariana Mortágua criticou ainda o primeiro-ministro por ter desvalorizado o Manifesto dos 70 como se o documento tivesse sido feito por "gente de má vontade contra o Governo", mas alertou ser altura de Pedro Passos Coelho "olhar as condições que tem".

"É tempo de o Governo olhar as condições que tem, os números que tem à frente e perceber que se trata de um conjunto de pessoas de diversos quadrantes que se está a unir para o fazer ver esta evidência e render-se à realidade", sublinhou.

Mariana Mortágua acrescentou ainda que não faz sentido o Governo insistir no "dogma radical" que é o "pagamento da dívida" e "sacrificar o país a um objetivo que não é realizável", frisando que o Presidente da República já explicou que se trata de um "plano de empobrecimento do país".

"Quando o próprio Presidente da República avança com os números necessários ao pagamento da dívida e vem avançar a necessidade de mais 35 anos, mais uma geração, de austeridade e empobrecimento para o pagamento desta dívida, é o próprio que abre as portas e expõe o plano que o Governo tenta esconder: isto é um plano de empobrecimento, não tem outra possibilidade e facilmente se compreende que um país mais pobre não consegue pagar a sua dívida", referiu.

A deputada frisou também que o Manifesto teve uma "grande expressão em Portugal", apesar de ter sido desvalorizado por Pedro Passos Coelho.

"Foi desvalorizado pelo primeiro-ministro exatamente por isso, ele percebeu que há um consenso em torno da reestruturação", explicou.

O Manifesto dos 70, que apela à reestruturação da dívida pública recebeu o apoio de mais de 70 personalidades estrangeiras, na maioria economistas de renome internacional.

De acordo com a edição de hoje do jornal Público, o manifesto subscrito por 74 personalidades "transpôs a fronteira e já recebeu o apoio de economistas de 20 nacionalidades, dos EUA à Alemanha".

"São economistas, muitos com cargos de relevo em instituições internacionais como o FMI, editores de revistas científicas de economia e autores de livros e ensaios de referência na área", entre os quais Marc Blyth, da Universidade Brown, nos Estados Unidos, autor daquele que foi considerado pelo Financial Times como o melhor livro de 2013, o "Austeridade", revela o jornal.

O denominado Manifesto dos 70, tornado público há cerca de uma semana, é assinado por figuras da política de esquerda e de direita, como os ex-ministros das Finanças Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, por Francisco Louçã, António Saraiva, Carvalho da Silva, Gomes Canotilho, Sampaio da Nóvoa, além de empresários e economistas, e pretende ser "um apelo de cidadãos para cidadãos", explicou, na altura, João Cravinho à Lusa.

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