Manifesto dos 70 recebe apoio de personalidades estrangeiras

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 20 mar (Lusa) -- O Manifesto dos 70 de apelo para a reestrutura da dívida pública como resposta à saída de Portugal da crise recebeu o apoio de mais de 70 personalidades estrangeiras, na maioria economistas de renome internacional.

De acordo com a edição de hoje do jornal Público, o manifesto subscrito por 74 personalidades "transpôs a fronteira e já recebeu o apoio de economistas de 20 nacionalidades, dos EUA à Alemanha".

"São economistas, muitos com cargos de relevo em instituições internacionais como o FMI, editores de revistas científicas de economia e autores de livros e ensaios de referência na área", entre os quais Marc Blyth, da Universidade Brown, nos Estados Unidos, autor do melhor livro de 2013 para o Financial Times, "Austeridade", revela o jornal.

O denominado Manifesto dos 70, tornado público há cerca de uma semana, é assinado por figuras da política de esquerda e de direita, como os ex-ministros das Finanças Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, Francisco Louçã, António Saraiva, Carvalho da Silva, Gomes Canotilho, Sampaio da Nóvoa, além de empresários e economistas, e pretende ser "um apelo de cidadãos para cidadãos", explicou, na altura, João Cravinho à Lusa.

"Não se trata de apelar a qualquer atitude futura que não seja a de respeito pelas melhores práticas de rigorosa gestão das finanças publicas", afirmou o antigo ministro socialista das Obras Publicas, sublinhando que essa questão é "absolutamente essencial".

De acordo com o jornal, os economistas internacionais assinaram um documento, com um conteúdo muito semelhante ao manifesto promovido por João Cravinho, no qual declaram "total concordância" com o documento subscrito por vários políticos portugueses, empresários, sindicalistas, académicos e constitucionalistas.

Os economistas estrangeiros apoiam "os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da divida publica global, no sentido de obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos, de modo a que o esforço do pagamento seja compatível com uma estratégia de crescimento, investimentos e de criação de emprego", segundo escreve o Publico.

Entre os apoiantes do Manifesto português encontram-se nomes como o de José Antonio Ocampo, antigo ministro das finanças da Colômbia e secretário-geral adjunto das Nações Unidas, atualmente consultor da ONU e do Independetn Evaluation Office do FMI, além de Stephany Griffith-Jones, responsável pela apresentação do relatório sobre regulação financeira global na última reunião dos ministros das finanças da Commonwealth.

O dinamarquês Beng-Ake Lundvall, secretário-geral de Globelics e perito do Banco Mundial é também uma das personalidades que integra o manifesto internacional que o Público teve acesso, um conhecedor da realidade do país, já que foi consultor do Governo português na última presidência na União Europeia e um grande especialista mundial em economia da inovação.

Há cerca de uma semana o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, acusou os subscritores do manifesto pela reestruturação da dívida de serem "os mesmos que falavam na espiral recessiva" e citou o Presidente da República, Cavaco Silva, apoiando a ideia expressa pelo chefe de Estado no passado segundo a qual falar em reestruturação da dívida seria um ato de "masoquismo.

Entretanto, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, exonerou dos seus cargos de consultores da Presidência da República o ex-ministro da Agricultura Sevinate Pinto e o antigo secretário de Estado Vítor Martins, dois dos nomes que assinaram o Manifesto.

RCP // HB

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