Especialista alerta para a "carga humana" que pode afetar parque de S. Paio em Gaia

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Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 06 fev 2020 (Lusa) -- O geógrafo, investigador e professor universitário, Rio Fernandes, manifestou hoje "dúvidas" sobre a obra do Vale de S. Paio, em Vila Nova de Gaia, considerando que o novo parque poderá gerar "carga humana" num espaço de "contexto ambientalmente sensível".

"Uma intervenção que pretensamente valoriza ambientalmente o lugar, mas o que vai fazer é trazer mais carga humana. Do ponto de vista paisagístico tenho dúvidas que seja uma intervenção suave e respeitadora da natureza. Para um espaço em contexto ambientalmente sensível, defenderia um maior respeito pela topografia do local", disse, à agência Lusa, Rio Fernandes.

Em causa está o projeto conhecido como parque de S. Paio, espaço localizado na freguesia de Canidelo que está a ser alvo de uma intervenção da responsabilidade de Sidónio Pardal, o mesmo arquiteto que concebeu o Parque da Cidade do Porto.

Este espaço localiza-se perto do Estuário do Douro, onde, de acordo com várias associações ambientais, existe um habitat de espécies protegidas, entre as quais o lagarto-de-água.

Em 2017 a Câmara de Vila Nova de Gaia lançou concurso e em março de 2019, numa reunião camarária descentralizada que decorreu em Oliveira do Douro, na qual a adjudicação de uma parte da obra foi aprovada por unanimidade, foi revelado que o valor total da empreitada, que tem várias fases, deverá ultrapassar os dois milhões de euros.

Em declarações à agência Lusa, José Alberto Rio Fernandes, que é também presidente da Associação Portuguesa de Geógrafos, recordou que o espaço está localizado "na continuidade do mar até ao rio", considerando que a zona é "extremamente sensível" e criticando a intervenção que está agora a nascer.

"Vemos nascer uma intervenção como se estivéssemos no meio da cidade com terra revolvida, saibro e pedra de grandes dimensões. É uma intervenção inadequada ao lugar. Defenderia passeios em terra batida ou com saibro compactado, bancos em madeira", disse o especialista e professor universitário.

Questões semelhantes foram levantadas recentemente pelo movimento SOS Estuário do Douro, que numa publicação na rede social Facebook acusou a Câmara de Vila Nova de Gaia de estar a "destruir" a área para criar o parque urbano de S. Paio, referindo que não deveriam ser depositadas no local "terras alheias", nem "movimentados inertes".

O movimento SOS Estuário do Douro -- que ganhou protagonismo em 2016 quando a Câmara de Gaia anunciou que iria transferir para aquela zona o festival Marés Vivas, uma decisão que não chegou a concretizar-se e chegou a gerar uma manifestação e uma providência cautelar apresentada pela Quercus -- também alerta, na sua publicação, para a "destruição de uma colónia de lagartos de água", espécie da Península Ibérica que, lê-se na nota, "tem sofrido declínio devido perda de território".

Realizaram-se duas ou três reuniões, nas quais demos a conhecer ao professor Pardal as nossas preocupações, mas para nossa surpresa e indignação, nunca mais fomos contactados e as obras estão já a avançar, estão em velocidade de vapor, e têm características preocupantes.

Também o Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) defendeu para o local "uma abordagem mais natural e menos interventiva", sugerindo a criação de prados com vegetação autóctone e lagos, e criticando o que considera ser um uso "excessivo de pedras e granito".

"Se há obra que precisava de ter uma tónica na biologia, esta é uma delas, tendo menos tónica na construção e nas infraestruturas. Pela proximidade à reserva natural local do estuário do Douro e pelo facto de ali haver espécies que merecem proteção, defendemos que a intervenção deveria ser de outro tipo, mais natural", disse, à Lusa, Serafim Riem, membro da direção nacional do FAPAS.

A agência Lusa contactou a Câmara de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, que não quis comentar.

PFT // MSP

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