FAPAS acusa Câmara de Gaia de "quebrar acordo de cavalheiros" sobre parque S. Paio

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Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 06 fev 2020 (Lusa) -- O Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS) acusou hoje a Câmara de Vila Nova de Gaia de "quebrar um acordo de cavalheiros" a propósito da construção do parque de S. Paio e manifestou "preocupação" com o projeto.

"Havia um acordo de cavalheiros que a Câmara Municipal de Gaia não cumpriu. Foi constituída uma comissão de acompanhamento às obras, fizeram-se duas ou três reuniões, nas quais demos a conhecer as nossas preocupações, mas, para nossa surpresa e indignação, nunca mais fomos contactados e as obras estão já a avançar, estão em velocidade de cruzeiro, e têm características preocupantes", referiu à agência Lusa Serafim Riem, membro da direção nacional do FAPAS.

Em causa está o projeto conhecido como parque de S. Paio, espaço localizado na freguesia de Canidelo que está a ser alvo de uma intervenção da responsabilidade de Sidónio Pardal, o mesmo arquiteto que concebeu o Parque da Cidade do Porto.

Este espaço esteve no centro de uma polémica em 2016 quando a Câmara de Gaia anunciou que iria transferir para ali o festival Marés Vivas, sendo que a zona é próxima do Estuário do Douro, além de ser habitat da espécie protegida lagarto-de-água.

Associações ambientalistas, o Partido Pessoas Animais e Natureza (PAN) e o movimento associativo SOS Estuário do Douro promoveram uma manifestação contra a realização do evento naquele local e chegou a ser gerada uma providência cautelar apresentada pela Quercus que pedia a suspensão das obras de preparação do terreno para o festival.

A edição desse ano do festival acabou por se realizar ao espaço original, localizado a 900 metros deste novo parque urbano.

Entretanto a Câmara de Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, anunciou um projeto para o espaço conhecido com Vale de S. Paio, o futuro Parque Urbano de Canidelo, sendo que, de acordo com o FAPAS, "ficou acordada a criação de uma comissão de acompanhamento das obras", algo que, admite Serafim Riem, "não estava escrito em lado nenhum", mas que era, frisou, "um acordo de cavalheiros".

De acordo com o dirigente do FAPAS, a essa comissão pertencia este fundo e a Associação Alvorecer Florestal, através de Jorge Moreira, bem como os professores da Faculdade de Ciências do Porto, Rubim Almeida e Paulo Talhadas dos Santos, aos quais se somava Ferrand de Almeida, do CIBIO - Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos.

"Após duas/três reuniões há uns anos, nunca tiveram a delicadeza para nos chamar para qualquer tipo de nova reunião e as obras continuam", disse, à Lusa, Serafim Riem, recordando que "algumas pessoas se radicalizaram bastante" aquando do debate sobre o Marés Vivas, razão pela qual, disse o ambientalista, "se decidiu tentar algumas bases de diálogo".

A agência Lusa contactou a Câmara de Vila Nova de Gaia, que não quis comentar.

O FAPAS também manifestou "preocupação" e "indignação" com as obras em curso, defendendo "uma abordagem mais natural", reafirmando "a proximidade a um habitat de espécies protegidas, como é o caso do lagarto de água", disse Serafim Riem.

"Estamos a assistir a uma intervenção muito pouco natural. Pela proximidade à reserva natural local do estuário do Douro e pelo facto de ali haver espécies que merecem proteção, defendemos que a intervenção deveria ser de outro tipo, mais natural e com menos uso de pedras e granito", concluiu Serafim Riem que em maio de 2016 disse à Lusa, à saída de uma reunião com representantes da Câmara de Gaia, que tinham sido assumidos "compromissos importantes".

"Só no domingo é que poderei voltar ao espaço, mas quero acreditar que aquelas pessoas [referindo-se a responsáveis da câmara, bem como da empresa Águas de Gaia], como pessoas de bem que são, cumprem o que foi acordado. Os compromissos de hoje convergem na renaturalização do espaço, uma das nossas reivindicações", disse, em 2016, Serafim Riem.

PFT // MSP

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