CDU: Concessão de Coliseu do Porto a privados é "inadmissível" e "inaceitável"
Porto Canal com Lusa
A CDU/Porto criticou hoje a "inaceitável" e "inadmissível" intenção de concessionar a privados o Coliseu do Porto anunciada quarta-feira pela câmara "sem qualquer debate prévio nos órgãos municipais".
"A CDU considera inaceitável que a mais emblemática casa de espetáculos do Porto fique sujeita à possibilidade de haver um contrato de concessão a uma nova entidade privada, a pretexto de ser necessário um grande investimento para obras a realizar no edifício", indica em comunicado.
O presidente da Câmara do Porto anunciou na quarta-feira que vai propor que o Coliseu da cidade seja concessionado a privados por forma a avançar com as obras de requalificação que têm um custo estimado 8,5 milhões de euros.
Hoje, a CDU assume ter sido com "grande preocupação" que tomou conhecimento da intenção "de entidades que têm obrigação de continuar a defender o Coliseu do Porto e impedir a sua concessão a privados, como são os casos da Câmara Municipal do Porto, da AMP [Área Metropolitana do Porto], do Ministério da Cultura e da própria Associação de Amigos do Coliseu".
Em comunicado, os comunistas recordam ter sido a "mobilização da cidade que impediu a venda do Coliseu e a sua desfiguração", obrigando câmara e ministério "a intervir para defender esta casa histórica fundamental para a cultura da cidade e da região".
Em agosto de 1995, o Coliseu esteve para ser vendido à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), situação que gerou uma onda de indignação na cidade, mobilizou milhares de pessoas e levou mesmo o músico Pedro Abrunhosa a acorrentar-se ao edifício, durante uma manifestação na Rua de Passos Manuel.
Realçando que o presidente da Câmara Municipal do Porto apresentou como uma das justificações da criação da empresa municipal Ágora "a necessidade de intervir e participar nas obras de reabilitação do Coliseu do Porto", a CDU considera agora "inadmissível" que "decida deixar cair o Coliseu sem qualquer debate prévio nos órgãos municipais".
"Por isso, os eleitos municipais da CDU irão, de imediato, pedir uma reunião ao senhor Presidente da Câmara e os deputados do PCP irão questionar o Ministério da Cultura sobre esta anunciada intenção, manifestando, desde já, a sua oposição à concessão do Coliseu do Porto", adianta no documento hoje divulgado.
A CDU diz-se ainda "firme" na sua intenção de, "em conjunto com o Povo do Porto, continuar a defender o Coliseu como equipamento cultural fundamental para o serviço público da cultura, opondo-se a qualquer contrato de concessão a privados e sujeito a critérios de meros interesses lucrativos".
Na quarta-feira, e em declarações aos jornalistas à saída de uma reunião com os Conselhos Municipais de Cultura e Economia, Rui Moreira explicou que na impossibilidade de recorrer a fundos comunitários, a concessão a privados foi a solução encontrada para garantir o restauro daquela sala de espetáculos, uma vez que a Associação Amigos do Coliseu, proprietária do espaço, não tem condições para o fazer.
Em abril de 2018, a Associação dos Amigos do Coliseu do Porto aprovou o contrato-patrocínio com a seguradora internacional Ageas se comprometeu a apoiar o espaço com 900 mil euros, durante três anos.
A Associação dos Amigos do Coliseu Porto, sem fins lucrativos e com estatuto de utilidade pública, foi fundada em 1995 para evitar a venda do edifício à Igreja Universal do Reino de Deus.