Violência no Sahel entre os 10 conflitos mais preocupantes em 2020

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 24 jan 2020 (Lusa) - A violência no Sahel causou 5.360 mortes em 2019, o mais mortífero dos últimos 20 anos, segundo um relatório divulgado hoje e que classifica os conflitos na região entre os 10 mais preocupantes para 2020.

De acordo com o relatório Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED), com sede nos Estados Unidos, em 2019, a violência política nos países da região do Sahel - Níger, Chade, Burkina Faso, Mauritânia e Mali - continuou a escalar, tendo-se registado mais de 2.100 eventos e protestos violentos, de que resultaram 5.360 mortes.

A violência contra civis representou a maioria dos conflitos (870) registados, seguida de confrontos, protestos, explosões ou violência remota e motins.

O relatório refere que o número de mortes em 2019 representa quase o dobro das registadas nos cinco países no ano anterior, assinalando que "uma multiplicidade de grupos islamitas globais e locais com interesses sobrepostos" e uma "fraca resposta das forças de segurança" contribuiu para o aumento da insegurança.

O ACLED sublinha que, durante 2019, o Boko Haram se tornou uma ameaça regional, o norte dos Camarões é assolado pela violência transfronteiriça, o Chade experimenta tentativas de insurreição em várias zonas, a região Tillaberi, no Níger, está sob influência de uma organização filiada no Estado Islâmico e o Burkina Faso tem conflitos em quase todas as regiões.

Mali, Burkina Faso e Níger são os países que mais preocupam, segundo o observatório.

O ACLED alerta que as redes de grupos armados estão a gerar oportunidades de treino, tráfico de armas e recrutamento ao longo das fronteiras "expondo as vulnerabilidades de estados como o Chade ou a República Centro-Africana.

"Estes conflitos latentes, que tendem a ser ignorados e mal compreendidos, mas aumentam a infiltração de grupos armados, farão uma enorme diferença no alastrar do risco além do Sahel", aponta o observatório.

De acordo com o ACLED, atendendo à atual trajetória dos grupos armados, as ameaças mais imediatas centram-se no norte da Costa do Marfim - onde as eleições presidenciais de outubro de 2020 estão a expor antigas rivalidades políticas -, no norte do Gana - onde ocorrem disputas de terras entre a etnia Fulani e outras etnias, - no sul do Mali - com as falhas do Governo em responder à ocupação do norte por grupos rebeldes e na Guiné Conacri.

Além do Sahel, o relatório do ACLED aponta ainda entre os conflitos mais preocupantes e a necessitarem de atenção em 2020 a guerra de carteis no México, o conflito no Iémen, ou os efeitos de um eventual falhanço das políticas do primeiro-ministro Narendra Modi na Índia.

O domínio do Al-Shebab na Somália, a escalada de tensão dos Estados Unidos com o Irão, a violência contra civis no Afeganistão, os riscos de fragmentação da Etiópia, a escalada dos protestos no Líbano e os riscos de violência causada pelo processo político nos Estados Unidos, são outras situações consideradas preocupantes pelo ACLED.

O Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED) é uma organização sem fins lucrativos, registada nos Estados Unidos e que promove a recolha, análise e mapeamento de conflitos em todo o mundo.

A organização é financiada, entre outros, pelo Departamento de Estado Norte-Americano, pelos ministérios dos Negócios Estrangeiros da Holanda e Alemanha, pela Organização Mundial das Migrações e pela Universidade do Texas.

CFF // VM

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