Apoio do FMI vai ser uma "âncora política" para a Guiné Equatorial - Standard & Poor's
Porto Canal com Lusa
Londres, 09 jan 2020 (Lusa) - A agência de notação financeira Standard & Poor's (S&P) considerou hoje que o apoio financeiro do Fundo Monetário Internacional à Guiné Equatorial vai ser uma "âncora política" e ajudar a diversificação económica deste país lusófono.
"O recentemente aprovado Programa de Financiamento Ampliado vai dar à Guiné Equatorial apoio financeiro externo e será uma âncora política para enfrentar desafios estruturais importantes num contexto de diversificação lenta e fraca governação", lê-se numa nota enviada aos clientes.
No comentário, a que a Lusa teve acesso, os analistas da S&P lembram que todos os seis países (Gabão, Camarões, República Centro-Africana, Chade, República do Congo e Guiné Equatorial) da União Económica e Monetária da África Central (UEMAC) têm agora programas apoiados pelo FMI e apontam que "a pertença à UEMAC sustenta a estabilidade macroeconómica numa área que é propícia a grandes riscos de governação, sociais e ambientais, mas deverá limitar a flexibilidade monetária".
O FMI aprovou em meados de dezembro um pacote de ajuda financeira à Guiné Equatorial no valor de 282,8 milhões de dólares (cerca de 250 milhões de euros), até 2022, com uma forte componente de melhoria da governação e combate à corrupção.
"O programa apoiado pelo FMI tem como objetivo a manutenção da estabilidade macroeconómica e financeira, melhorar a proteção social, propulsionar a diversificação económica e fortalecer a governação e o combate à corrupção", lê-se na nota que confirma o programa, então divulgada.
A aprovação pelo conselho de administração do FMI do Programa de Financiamento Ampliado (Extended Fund Facility, no original em inglês) permite a entrega imediata de 40,4 milhões de dólares (36,3 milhões de euros), lê-se nesse comunicado, que dá ainda conta de que "o programa das autoridades baseia-se nos esforços do país, nos últimos anos, para reduzir os desequilíbrios macroeconómicos e lidar com os desafios em matéria de governação e corrupção que a Guiné Equatorial enfrenta".
Para a S&P, houve "vários fatores que atrasaram o financiamento do FMI, incluindo questões de transparência e governação, dados estatísticos duvidosos e contabilidade opaca, principalmente da petrolífera estatal a GEPetrol".
A S&P, continuam os analistas, "espera que o programa do FMI na Guiné Equatorial ajude a diminuir a pressão externa na região".
O programa, concluem, pretende "aumentar o crescimento económico sustentável e inclusivo, depois de vários anos de recessão, e está construído para melhorar a governação e a transparência, lidar com as vulnerabilidades do setor financeiro e combater a corrupção, visando também impulsionar a diversificação numa economia esmagadoramente dominada pela produção de petróleo".
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