Ucrânia: Japão prepara-se para impor sanções económicas à Rússia
Porto Canal / Agências
Tóquio, 14 mar (Lusa) - O Governo japonês está a preparar eventuais sanções económicas à Rússia pela sua intervenção militar na península ucraniana da Crimeia, informa hoje o jornal Nikkei.
Tóquio, que nos últimos dias tem endurecido as críticas a Moscovo pelo seu papel na crise ucraniana, estuda agora medidas de pressão similares às já adotadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, ainda que, em qualquer caso, venha a atuar com cautela devido às disputas pendentes com a Rússia.
O Governo nipónico "está a considerar todas as opções" e prepara uma lista de eventuais medidas "no caso de decidir ir adiante com as sanções" contra a Rússia, assinalou fonte oficial ao jornal económico japonês.
O país asiático seguiria assim os passos dos Estados Unidos, que restringiram os vistos e congelaram ativos de altos quadros russos e estuda atualmente ampliar estas medidas, bem como da União Europeia, que suspendeu as negociações bilaterais para a liberalização de vistos e de um novo acordo-quadro.
Tanto Washington como Bruxelas anunciaram a sua intenção de ampliar estas medidas de pressão no caso de Moscovo não atuar para acalmar a tensão na crise ucraniana e se continuar a apoiar o referendo sobre a anexação da Crimeia à Rússia, marcado para o próximo domingo.
O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Fumio Kishida, afirmou na quinta-feira que o Japão "observará o que fazem os outros países e responderá na sequência disso".
Antes, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, tinha afirmado que a incorporação da Crimeia pela Rússia "violaria claramente a Carta das Nações Unidas e os tratados bilaterais entre este país e a Ucrânia" durante una intervenção diante do parlamento nacional.
O máximo responsável pelo Conselho Nacional de Segurança do Japão, Shotaro Yachi, encontra-se desde quarta-feira em Moscovo, com uma delegação japonesa para discutir a situação com o seu homólogo russo, Nikolai Patrushev, entre outros representantes do Executivo russo.
O objetivo do Japão passa por transmitir uma mensagem clara à Rússia, mas sem beliscar as suas relações com este país, devido à disputa territorial latente sobre as ilhas Kuriles (Kunashiri, Etorofu, Shikotan e Habomai), segundo a imprensa japonesa.
Estas ilhas, ricas em recursos naturais, foram anexadas pela União Soviética no final da II Guerra Mundial, com Moscovo a considerar a sua soberania inquestionável, mas são reclamadas pelo Japão.
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