Portugal começa a receber em setembro estudantes de doutoramento argelinos
Porto Canal / Agências
Lisboa, 13 mar (Lusa) -- Portugal e a Argélia assinaram hoje um memorando de entendimento para fomentar a colaboração no ensino e investigação, ao abrigo do qual 10 estudantes de doutoramento argelinos virão já em setembro para instituições portuguesas.
"De acordo com as intenções da Argélia, o programa deverá desenvolver-se até chegar a uma centena (de alunos) por ano", disse à agência Lusa o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, no final de uma visita àquele país destinada a aprofundar os termos da colaboração abordada em janeiro, quando recebeu em Portugal o homólogo argelino, Mohamed Mebarki.
O ministro adiantou que as despesas, de alojamento, propinas, e utilização de laboratórios por parte dos estudantes de doutoramento argelinos, serão assumidas pelo Governo argelino.
Nuno Crato iniciou na quarta-feira uma visita oficial à Argélia para o desenvolvimento de relações bilaterais nas áreas do ensino superior, investigação científica e desenvolvimento tecnológico, a convite do ministro argelino do Ensino Superior e da Investigação Científica.
O programa de cooperação que hoje ficou estabelecido passa ainda por identificar, em conjunto com as universidades portuguesas e os centros de investigação, um conjunto de áreas e de laboratórios de excelência em Portugal que sejam "do interesse da parte argelina", indicou Nuno Crato.
"Isto é muito importante porque a colaboração em programas doutorais estabelece colaborações para a vida dos cientistas e fortalece os laços entre as instituições portuguesas e argelinas", declarou.
Pretende-se também uma maior colaboração na área da nanotecnologia: "A Argélia solicitou também uma colaboração formal com o Laboratório Ibérico de Nanotecnologia, em Braga".
Até finais de abril, princípio de maio, será estudada a forma como a essa colaboração mais institucional pode ser feita, mas estão já identificadas áreas de interesse, tanto português como argelino, em aprofundar a cooperação.
No campo da nanotecnologia, áreas de materiais e tratamento de doenças estão entre as prioridades que deverão trazer cientistas argelinos a Portugal.
Na área das ciências biomédicas, há particular interesse no estudo do cancro de forma bilateral. "Aí também foram identificadas instituições e cientistas de parte a parte" para um trabalho de cooperação, que será aprofundado, referiu o ministro.
Está também contemplada a sismologia, considerada uma questão central. "Neste momento torna-se crucial perceber os movimentos tectónicos e os sinais sismográficos dos dois lados do Mediterrâneo", afirmou o ministro.
"A colaboração entre cientistas portugueses, espanhóis, franceses, argelinos e tunisinos, é fundamental", disse Nuno Crato, segundo o qual esta colaboração ainda não está muito desenvolvida da parte argelina e através de Portugal vai conseguir-se que os cientistas argelinos participem nesse "esforço comum".
De acordo com o Ministério da Educação e Ciência, Nuno Crato deslocou-se à Argélia acompanhado por representantes do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico, do Laboratório Internacional de Nanotecnologia, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, da Fundação para a Ciência e Tecnologia e da Direção Geral do Ensino Superior.
AH // GC.
Lusa/fim