ONU alerta que drogas movem 320 mil milhões de dólares por ano
Porto Canal / Agências
Viena, 13 mar (Lusa) -- A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou hoje que as drogas constituem uma ameaça internacional que move pelo menos 320 mil milhões de dólares por ano e cujo mercado se manteve estável nos últimos cinco anos.
"O tráfico de drogas é um negócio multimilionário que alimenta as redes criminais a um nível que ainda hoje não conseguimos perceber bem. As drogas ilegais geram cerca de 320 mil milhões de dólares [230 mil milhões de euros] anuais, e este é um valor calculado por baixo", declarou hoje em Viena o secretário geral adjunto da ONU Jan Eliasson.
O responsável intervinha na abertura de uma reunião da Comissão de Narcóticos das Nações Unidas, que reúne hoje mais de 120 países para debater o problema mundial das drogas.
Eliasson destacou que o tráfico de drogas mina o primado da lei e gera corrupção, o que por sua vez tem um impacto negativo sobre o desenvolvimento.
"As drogas ilícitas e o narcotráfico afetam de forma desproporcionada os mais pobres e vulneráveis", sublinhou, defendendo que na luta contra as drogas o respeito dos direitos humanos deve ser um princípio fundamental.
O responsável também indicou que se devem considerar alternativas à prisão dos consumidores de drogas e sustentou que "os verdadeiros criminosos são os traficantes".
No debate sobre o futuro, "não deve temer-se estudar ideias e perspetivas inovadoras", defendeu, apesar de considerar que as atuais convenções internacionais devem ser a base de qualquer prática.
Por sua vez, o diretor executivo do Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime, o russo Yuri Fedotov, referiu que as drogas representam uma grande ameaça para a saúde das pessoas e para o desenvolvimento de vários países.
O responsável reconheceu que "a magnitude geral da procura de drogas não se alterou substancialmente a nível mundial", o que contrasta com os objetivos fixados em 2009 para eliminá-la ou reduzi-la de forma significativa até 2019.
Na verdade, a quebra do consumo de drogas em algumas regiões foi compensada pelo aumento noutras, lamentou.
Entre os êxitos mais recentes, o responsável do gabinete assegurou que o mercado da cocaína caiu e que as plantações de folha de coca desceram cerca de 26% entre 2007 e 2011.
Já no que diz respeito aos "contratempos", destacam-se a pioria da situação no Afeganistão, onde no ano passado houve uma colheita recorde de ópio, de 209 mil hectares, e o "dramático" aumento da violência na América Central, uma realidade que exige "uma resposta urgente", apelou Fedotov.
Tal como Eliasson, o responsável defendeu uma abordagem que encare o problema das drogas como um problema de saúde pública e não simplesmente criminal e sugeriu que sejam procuradas "alternativas à penalização e à prisão".
Além disso, acrescentou, a pena de morte aplicada em delitos não violentos relacionados com as drogas não está no espírito das normativas internacionais.
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