COP25: Cimeira deve ser ambiciosa, pede Governo francês
Porto Canal com Lusa
Madrid, 02 dez 2019 (Lusa) -- O Governo francês considera que a cimeira da ONU sobre o clima, em Madrid, deve ser "ambiciosa" e finalizar o acordo de Paris, especialmente na parte do mercado das quotas de carbono, não implementadas a nível global.
A secretária de Estado francesa para a Transição Ecológica, Brune Poirson, disse hoje em conferência de imprensa que para a França o mais importante é "pôr em marcha" todo o acordo de Paris, mas também que os países sejam mais ambiciosos na redução de emissões de gases com efeito de estufa.
A responsável disse que para alcançar os objetivos climáticos é muito importante o envolvimento das empresas e dos cidadãos, "porque são eles quem faz a transição para a neutralidade carbónica".
"Além disso -- afirmou -- é preciso utilizar o impulso internacional das mobilizações".
Sobre os mecanismos de troca de carbono, Poirson afirmou-se "prudentemente otimista", mas reconheceu que se o que se pretende é "um grande mecanismo internacional sobre créditos de carbono que envolva o mundo inteiro, isso pode levar anos e anos".
"Mas não é esse o objetivo. Pelo contrário, o objetivo é simplificar os mecanismos de troca de carbono, e creio que isso se pode conseguir", disse.
O acordo de Paris reconhece a importância dos ecossistemas como sumidouros de carbono, em particular as florestas, e a possibilidade de utilizar mecanismos de mercado para cumprir com os objetivos de redução da emissão de gases poluentes para a atmosfera.
A secretária de Estado referiu-se também às regiões europeias mais afetadas pela neutralidade carbónica, nomeadamente as que dependem da atividade mineira, e à necessidade de ajudar esses países a superar as dificuldades.
Os países da União Europeia (UE) mais afetados pelo encerramento das minas de carvão são a Polónia e a República Checa.
No primeiro dia da cimeira de Madrid, o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, disse que "há motivos de esperança" para o combate da humanidade "consigo mesma".
"Podemos resolver tudo se o levarmos a sério", disse o responsável, que salientou a necessidade de "mudar o método", no sentido de que "não só os governos, mas também o resto dos cidadãos devem partilhar o problema das alterações climáticas".
O primeiro-ministro acrescentou que "são os cidadãos quem tem de decidir o nível de aceitabilidade das propostas e das iniciativas".
O governante lembrou também que a França já assumiu a neutralidade carbónica para 2050 e que em 2022 vai encerrar a última central a carvão, esperando que em 2040 se deixe de vender automóveis que produzem gases com efeito de estufa.
A COP24 começou hoje em Madrid e termina na sexta-feira da próxima semana. É uma cimeira que junta representantes de praticamente todos os países do mundo para tomar decisões sobre a forma de enfrentar e minorar os efeitos das alterações climáticas.
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