Dono de terreno com resíduos em S. Pedro da Cova nega ter impedido acesso ao terreno que a Câmara de Gondomar quer expropriar

Dono de terreno com resíduos em S. Pedro da Cova nega ter impedido acesso ao terreno que a Câmara de Gondomar quer expropriar
| Norte
Porto Canal com Lusa

O proprietário de uma das parcelas de terreno onde estão depositadas toneladas de resíduos em São Pedro da Cova, Gondomar, negou, esta terça-feira, que tenha impedido o acesso aos terrenos e avançou que pondera impugnar a expropriação anunciada pela câmara.

"Nunca pedi uma indemnização e nunca neguei o acesso ao terreno", disse à agência Lusa José Lopes, que é dono de cerca de 27.650 metros quadrados do terreno onde, em São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, foram depositadas, em 2001/2002, toneladas de resíduos perigosos, provenientes da Siderurgia Nacional, que laborou entre 1976 e 1996 na Maia.

No dia 15 de novembro, o Ministério do Ambiente anunciou que a segunda fase de retirada de resíduos, cujo processo esteve bloqueado mais de um ano no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga, porque uma das empresas candidatas à empreitada que não ganhou o concurso contestou, vai avançar em 2020.

Esta terça-feira, a Câmara de Gondomar avançou que vai expropriar 19 hectares de terreno, os quais incluem a zona onde estão depositados os resíduos industriais perigosos e o complexo mineiro encerrado em 1970.

A autarquia prevê um investimento de cerca de 1,5 milhões de euros e levará esta proposta a reunião de câmara quarta-feira.

Nos documentos que serão levados a discussão lê-se que "o proprietário do terreno que foi restituído não autoriza a entrada de equipamentos no terreno de que é proprietário, para a respetiva remoção", algo negado hoje pelo próprio.

José Lopes relatou à Lusa contactos efetuados no passado com o Ministério do Ambiente e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), nomeadamente uma reunião a 01 de março, na sede desta entidade no Porto, na qual terá ficado combinada a realização de uma segunda reunião em Lisboa.

"Não iremos obstaculizar o acesso ao imóvel para que se leve a efeito a retirada integral dos resíduos e a reposição da situação existente antes do início do despejo", foi, segundo José Lopes, a frase deixada pelo próprio quer ao ministro João Pedro Matos Fernandes quer ao presidente da CCDR-N, Freire de Sousa.

Para viabilizar o acesso ao imóvel, o proprietário pediu um acordo escrito, no qual fossem garantidas cinco premissas: que eram retirados todos os resíduos, que seria feita a descontaminação do espaço e que essa "completa descontaminação do solo e subsolo" seria certificada pela Agência Portuguesa do Ambiente e por um perito indicado pelo proprietário.

"A reposição do imóvel à cota em que se situava antes do despejo" e "a conclusão dos trabalhos e certificação dos pontos anteriores no prazo máximo de 24 meses a contar da celebração do acordo, eventualmente prorrogáveis em caso de justificada necessidade por dois períodos sucessivos de 12 meses" foram os quarto e quinto pontos inscritos no "rascunho" de acordo escrito, de acordo com José Lopes.

O proprietário contou, ainda, que a essa reunião na CCDR-N seguiram-se trocas de mensagens eletrónicas, mas a segunda reunião nunca veio a realizar-se.

"Ontem [segunda-feira] fui chamado para uma reunião na Câmara de Gondomar. Hoje concluo que foi uma reunião 'proforma' porque tudo [referindo-se à expropriação] estava decidido. Fui confrontado com uma decisão tomada", disse José Lopes que contou ter sido antes questionado por Freire de Sousa sobre se permitia o acesso ao terreno de forma "incondicional".

"Considerei a pergunta extemporânea, porque nunca neguei o acesso e recordei a reunião de 01 de março (...). Agora, além de repor a verdade, resta-me esperar que seja emitida a Declaração de Utilidade Pública e avaliar. Eventualmente recorrer. Eventualmente impugnar a expropriação", disse o proprietário à Lusa.

José Lopes vincou a convicção de que "a única forma de ter a certeza que os resíduos saem" de São Pedro da Cova "por completo" é através da "reposição à cota anterior".

"E isso nunca ninguém garantiu que ia ser feito", apontou.

A agência Lusa questionou o Ministério do Ambiente sobre esta matéria, tendo este remetido a resposta para a Câmara de Gondomar, sem responder à pergunta: "a intervenção de retirada dos resíduos anunciada pela tutela e respetiva requalificação do espaço, como também a autarquia de Gondomar avançou que fará, inclui a reposição do terreno à cota anterior?".

"Os terrenos onde se fará a intervenção de remoção de resíduos de São Pedro da Cova estão na posse de particulares e a Câmara Municipal de Gondomar entendeu recorrer a um processo expropriativo por motivos que devem ser indagados junto da mesma", respondeu o gabinete de Matos Fernandes.

Já a autarquia presidida por Marco Martins apontou que, "perante a impossibilidade de a Câmara de Gondomar assegurar qualquer garantia a que é alheia, e no superior interesse, quer da remoção dos resíduos, quer da execução do projeto de requalificação do complexo mineiro e da porta de entrada no parque das serras, foi comunicado que, em função da disponibilidade incondicional, se avançaria com o processo expropriativo".

Contactada a CCDR-N, até ao momento não foi possível obter um comentário desta entidade.

+ notícias: Norte

Câmara de Gondomar aprova contas de 2023 com saldo positivo

A Câmara de Gondomar aprovou esta sexta-feira, com os votos contra da oposição, o relatório e contas de 2023, que apresenta um saldo positivo de 610 mil euros, situação que o presidente atribuiu aos conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Terminaram buscas por jovem desaparecido em Gaia

As buscas permanentes pelo jovem de 16 anos desaparecido há uma semana no mar em Vila Nova de Gaia terminaram esta sexta-feira, sem sucesso, ao pôr-do-sol, revelou à Lusa o comandante da Capitania do Douro, Rui Lampreia.

Idoso carbonizado encontrado em Santa Maria da Feira

Um idoso foi encontrado morto já carbonizado em São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira, avança o Correio da Manhã, citando fonte da GNR.