Autarca de Gaia diz que "só tribunal" poderá travar prédios contestados junto ao Douro

| Norte
Porto Canal com Lusa

Vila Nova de Gaia, Porto, 30 out 2019 (Lusa) -- O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, disse hoje que "provavelmente só o tribunal" poderá travar as operações urbanísticas que estão a nascer na marginal ribeirinha daquele concelho, dizendo-se "conformado", mas "atento".

"Neste momento, conformado que estou, interessa-me fiscalizar. Se existirem outras entidades que estejam disponíveis para intervir, as portas estão abertas. Provavelmente só o tribunal, mas sinceramente parece-me difícil. Já foi reapreciado pela CCDR-N [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte], APA [Agência Portuguesa do Ambiente] e por nós", disse Eduardo Vítor Rodrigues.

Em causa estão três projetos conhecidos como Douro Habitat, Quinta Marques Gomes e Douro Atlantic Garden, localizados na marginal ribeirinha de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, perto do local onde durante anos se realizou o festival Marés Vivas.

Estes projetos que começaram a nascer na marginal têm motivado críticas e exposições pelo Bloco de Esquerda à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT), bem como, descreveu à Lusa o autarca de Gaia, "uma onda de indignação" nas redes sociais e até a colocação de cartazes por iniciativa da autarquia junto às empreitadas.

"Loteamento aprovado em julho de 2007, com alteração em outubro de 2009. O presidente da Câmara Eduardo Vítor Rodrigues 2013 - (...)" -- é o que se lê nos cartazes que foram colocados para, apontou o autarca, "esclarecer que a obra não é do seu mandato".

"A minha angústia é, não estando de acordo, tenho que aceitar porque não há recursos para indemnizar. Só para esta fase que está em construção, a quantificação que fizemos foi de 50 milhões de euros de indemnização e falta o resto, o que aí vem", referiu o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia.

Sobre as operações urbanísticas, a primeira, conhecida como Douro Habitat, trata-se de um projeto promovido por uma gestora de fundos israelita, junto da Marina da Afurada.

Para este caso está prevista a construção de vários edifícios de habitação multifamiliar, com cércea máxima de cinco pisos acima da cota da soleira.

Quanto à Quinta Marques Gomes, o alvará de loteamento é de 2013 e a operação urbanística é promovida pelo Fundo de Investimento Imobiliário Fechado Imogestão, que foi detido pelo Grupo Mello.

O alvará emitido prevê a constituição de 136 lotes, com área superior a 200.000 metros quadrados e área total de construção acima do solo de cerca de 76.000 metros quadrados, sendo a cércea máxima de oito pisos acima da cota da soleira.

Por fim, a Douro Atlantic Garden, com alvará de loteamento de 2010, emitido em nome de Invesfundo III -- Fundo de Investimento Imobiliário Fechado, fundo que pertenceu ao Grupo Espírito Santo, prevê a construção de cerca de 500 frações habitacionais num terreno de cerca de 150.000 metros quadrados, anteriormente ocupado por uma unidade de seca de bacalhau em Lavadores.

"Posso criticar a localização, mas todas as entidades deram parecer favorável. Os licenciamentos têm um problema. Olhamos para eles e perguntamos se respeitam a lei, respeitam o PDM [Plano Diretor Municipal], respeitam os pareceres das entidades? Se respeita está tudo bem, mas eu defendo que devíamos ter uma abordagem qualitativa aos projetos que estamos a licenciar. Há projetos que sendo legais, são maus", disse o presidente da Câmara que, quando questionado sobre se este é um desses casos, frisou que não o aprovaria se pudesse.

"É um caso em que se eu fosse presidente de Câmara e tivesse este licenciamento em cima da mesa, sinceramente não licenciava e assumiria as consequências. Aquilo é o Algarve dos anos 80, um péssimo urbanismo em cima do mar, neste caso em cima do rio", concluiu.

Sobre esta matéria, a agência Lusa solicitou hoje informações ao Ministério do Ambiente, mas até ao momento não obteve resposta.

PFT//LIL

Lusa/Fim

+ notícias: Norte

Câmara de Gondomar aprova contas de 2023 com saldo positivo

A Câmara de Gondomar aprovou esta sexta-feira, com os votos contra da oposição, o relatório e contas de 2023, que apresenta um saldo positivo de 610 mil euros, situação que o presidente atribuiu aos conflitos na Ucrânia e em Gaza.

Terminaram buscas por jovem desaparecido em Gaia

As buscas permanentes pelo jovem de 16 anos desaparecido há uma semana no mar em Vila Nova de Gaia terminaram esta sexta-feira, sem sucesso, ao pôr-do-sol, revelou à Lusa o comandante da Capitania do Douro, Rui Lampreia.

Idoso carbonizado encontrado em Santa Maria da Feira

Um idoso foi encontrado morto já carbonizado em São João de Ver, no concelho de Santa Maria da Feira, avança o Correio da Manhã, citando fonte da GNR.